O advogado do dono do prédio que desabou na manhã desta terça-feira (27) na zona leste afirmou que modificações feitas por uma empresa de engenharia depois que o galpão já havia sido entregue à rede de lojas Torra Torra podem ter causado o acidente.
Segundo Edilson Carlos dos Santos, que defende o proprietário Mustafa Abdallah Mustafa, a obra foi entregue em julho para a Torra Torra, que alugou o imóvel para fazer uma nova unidade - a empresa vende roupas populares.
Santos diz que funcionários da empresa Salvatta Engenharia teriam feito escavações no terreno. A empresa, sempre segundo o advogado, estava fazendo alterações para a instalação de elevadores e escadas rolantes.
"Já estava alugado para a Torra Torra. O galpão foi construído pelo senhor Mustafa, estava pronto e o grupo Torra Torra entrou e fez as alterações", disse Santos.
O advogado afirmou que um perito contratado por Mustafa esteve na obra na sexta-feira e constatou as escavações. "Eles passaram a mexer na parte de estruturas, de sapatas e ligamentos", disse.
A reportagem telefonou para a sede da Salvatta Engenharia e uma funcionária informou que, "em princípio", ninguém iria se pronunciar.
Em nota, o magazine Torra Torra informou que "havia um contrato de locação do prédio, no entanto a rede somente assumiria finalizadas as obras estruturais, pelo proprietário".
"Dessa forma, o Magazine Torra Torra não tem nenhuma responsabilidade sobre a parte de engenharia civil. No momento, uma empresa de engenharia contratada pelo Magazine Torra Torra realizava uma avaliação sobre as condições de uso do prédio", diz o texto.
De acordo com a nota, caso esse laudo fosse "positivo" e atestasse a segurança, a rede daria início ao acabamento para abrigar a unidade.
"Ressalte-se que o Torra Torra somente entraria com a loja no local, com esse aval técnico. Este é um cuidado que o Magazine Torra Torra toma em todas as lojas da rede, devidamente avaliadas quanto à segurança estrutural, de acordo com engenheiros, para receber nossos empreendimentos", diz.
Alvará
Segundo a Prefeitura de São Paulo, a obra que desabou não tinha alvará necessário para construção. De março para cá, o empreendimento já tinha sido multado duas vezes.
"De acordo com o Código de Obras, a obra só poderia ter sido iniciada, mesmo sem resposta da subprefeitura, caso tivessem decorridos os prazos dos dois pedidos, ou do pedido conjunto (alvará de aprovação e alvará de execução). Ainda assim, a obra ficaria sob inteira responsabilidade do proprietário e profissionais envolvidos e estaria sujeita a adequações ou até demolição", diz nota da prefeitura.