Cuidados
População não deve consumir água ou peixes na região
O cheiro do produto tóxico ainda é muito forte na região dos bairros Primavera, Vila do Povo e Beira Rio. Segundo a ficha técnica do composto que vazou do armazém, o produto pode causar irritações na pele, forte incômodo nos olhos, é tóxica a organismos aquáticos e pode causar efeitos de longa duração em ambiente aquático. Até que o laudo definitivo do IAP saia, a orientação é para que a população não pesque e evite contato com a água contaminada. Segundo a Liga Brasil de Responsabilidade Socioambiental, cerca de 200 famílias que vivem à beira do mangue terão de interromper suas atividades de pesca e extração de caranguejo. "Vivemos do caranguejo, de peixe, do camarão, as peixarias estão recusando até o pescado que tínhamos feito antes do incêndio. Mais uma vez tiraram o nosso ganha pão", lamenta o catador de caranguejos Rutinei Luiz dos Santos.
Histórico
O litoral do Paraná tem sido palco frequente, nos últimos anos, de acidentes ambientais. Confira:
2001 392 mil litros de nafta, um derivado do petróleo, vazou numa área de três mil metros quadrados depois do navio petroleiro Norma se chocar em uma pedra.
2001 danos ambientais foram causados pelo vazamento de óleo diesel na altura do km 57 no poliduto Olapa, que interliga a Refinaria Presidente Getúlio Vargas ao Terminal de Paranaguá, localizado na Serra do Mar, Município de Morretes (PR).
2004 depois de explosões durante o descarregamento de metanol do navio Vicuña, foram despejados cerca de 290 mil litros de metano, óleo diesel e óleo lubrificante na Baia de Paranaguá. As substâncias atingiram três unidades de conservação: Superagui, Guaraqueçaba e Ilha do Mel.
2013 por causa de fortes ventos, a balsa utilizada para cravação de estacas na obra de ampliação do Terminal de Contêineres de Paranaguá, com um guincho posicionado sobre ela, acabou virando e afundando. Os equipamentos ficaram cerca de dois meses afundados antes de serem retirados pela equipe responsável.
200 famílias vivem à beira do mangue afetado pelo vazamento. Orientação é para que a atividade de pesca e catação de caranguejo dessas pessoas seja interrompida até que saia o laudo definitivo do IAP.
O armazém da APM Terminais Brasil, que foi destruído por um incêndio na madrugada de quarta-feira, não tinha autorização para operar, de acordo com o Comandante do Corpo de Bombeiros de Paranaguá, no Litoral do Paraná, Capitão Siqueira. A empresa também não tem licença ambiental. Por isso o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) vai lavrar um auto de infração em um valor que ainda não foi calculado, além de pedir o reparo do dano ambiental. Dependendo da gravidade da situação a empresa pode até ser fechada. De acordo com o IAP, a empresa Compacta, locadora do armazém, já havia sido autuada outras duas vezes em 2005 por construção de armazém pré-moldado sem licenciamento, e em 2007 por lançamento de derivado de petróleo em área mangue.
INFOGRÁFICO: Veja a localização do armazém
A empresa também armazenava irregularmente 100 barris contendo produtos químicos para fabricação de fertilizante, que estavam em bombonas (frascos para guardar produtos químicos) que racharam e derreteram com o fogo, o que gerou o vazamento dos produtos para o mangue.
Composição
Um levantamento preliminar do IAP identificou que o líquido azul-esverdeado que está vazando para a região do mangue que dá acesso ao Rio Emboguaçu contém os seguintes produtos químicos: óxido de zinco 10%, etileno, glicol e hidróxido de potássio. Esses componentes podem gerar diversos tipos de reações químicas dependendo do ambiente, contato com a água e com o fogo. "Tudo depende da dosagem e da diluição. Um produto químico concentrado pode fazer um grande estrago", afirma a coordenadora do mestrado em Meio Ambiente Urbano e Industrial da Universidade Federal do Paraná, Margarete Casagrande Lass Erbe.
Todo produto químico industrializado é acompanhado de um documento, chamado Ficha de Informações de Segurança de Produto Químico (FISPQ), em que há informações sobre características da substância e possíveis danos que pode causar.
De acordo com a FISPQ do produto IMPREG B/MN/ZN, produzido pela Yara Brasil Fertilizantes S.A, a densidade da substância é maior que a da água, realizando um processo de decantação do material. Segundo a professora Margarete, nesses casos, não é possível reter as substâncias apenas com barreiras físicas, como as boias usadas para retenção de óleo, por exemplo.
Luiz Afonso Rosário, da ONG Liga Brasil de Responsabilidade Sócio-Ambiental, diz que as boias não estão sendo suficientes e que, por isso, o produto já chegou ao mar. "Hoje começa a lua cheia, período em que a maré é mais forte, dessa forma esse líquido pode avançar rapidamente pela Baía de Paranaguá. A situação é temerária porque esses produtos químicos são nocivos e de alguma forma isso causa impacto ao meio ambiente".
Proprietária tenta conter vazamento
A empresa Brasmar informou que a Ecosorb, contratada por ela, trabalha na remoção do fertilizante dentro do armazém e realiza barreira para evitar derramamento em águas fluviais, bem como faz limpeza e barreira no mangue. De acordo com a Brasmar, "a maré encheu, o produto não se espalhou tanto, ajudando-nos na retenção deste junto ao leito do mangue". A Essencis/Polyvalente, outra contratada, também trabalha na remoção do fertilizante do armazém e na realocação do produto em um caminhão, para despejo apropriado.
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