O empresário do setor imobiliário acusado de ter atirado contra uma travesti, em um flat do bairro Bom Retiro, em Curitiba, será indiciado por tentativa de homicídio e por omissão de socorro. Segundo o delegado Sivanei de Almeida Gomes, da Delegacia de Homicídios (DH), a polícia ainda pretende ouvir dois funcionários do flat e aguarda os laudos da perícia feita em um dos veículos e o laudo de lesão corporal a que a vítima foi submetida para concluir o inquérito.
"A menos que apareça um fato novo, o acusado vai ser indiciado. As investigações apontam que ele tentou matar a vítima e, em seguida, a abandonou, não prestando socorro", disse o delegado.
O crime ocorreu na noite de 2 de novembro, dentro de um prédio que pertence ao empresário. De acordo com a travesti, o acusado a contratou no Centro de Curitiba para fazer um programa sexual. A vítima teria sido levada ao flat, mas começou a discutir com o cliente depois de pedir pagamento antecipado. A travesti foi espancada e atingida um tiro na perna. Funcionários do empresário ajudaram-no a retirar a vítima do flat e colocá-la no carro do filho dele, um Hyundai Santa Fé, que foi submetido à perícia.
Em depoimento, o acusado relatou que levou a travesti ao flat porque ela teria demonstrado interesse em alugar o apartamento. No imóvel, ela teria sacado uma arma, anunciando um assalto. De acordo com a versão do empresário, ele teria reagido e entrado em luta corporal com a vítima. A tese de legítima defesa apresentada pelo acusado, no entanto, não convenceu a polícia.
"Até mesmo o depoimento de funcionários do flat comprovam que não houve qualquer tentativa de assalto", apontou o delegado.
Omissão de socorro
Após ser colocada no Santa Fé, a vítima foi levada do flat pelo empresário e pelo filho dele. A travesti foi encontrada por volta das duas horas do dia 3 de novembro, em uma rua do bairro Pilarzinho. Ela foi socorrida por um homem que passava pelo local e encaminhada ao Hospital Cajuru, onde permaneceu internada por seis dias.
O empresário disse à polícia que levava a travesti ao hospital, quando ela abriu a porta do carro e se atirou do veículo em movimento. A versão é contestada pela polícia, que aponta que houve omissão de socorro. Em depoimento, a travesti afirmou que estava desmaiada e que não viu quando foi retirada do flat.