Brasília (Folhapress) O empresário de transporte coletivo João Antônio Setti Braga disse ontem, na CPI dos Bingos, que sofreu "extorsão da prefeitura de Santo André (SP) entre 1997 e 2000, durante as gestões do prefeito Celso Daniel (PT), assassinado no início de 2002.
Braga confirmou aos senadores o teor do depoimento que prestou em 2002 a outra CPI, a da Câmara dos Vereadores de Santo André, e acrescentou que "tentou advertir o então prefeito sobre a propina, mas não conseguiu ser recebido.
"Eu vejo (o pagamento) como uma extorsão, não como uma contribuição, disse Braga. Ele foi o segundo empresário do setor a denunciar uma suposta propina em troca de "tranqüilidade para continuar operando. Segundo Braga, as sete empresas do setor deviam pagar, ao todo, R$ 100 mil mensalmente à prefeitura a título de "custo político.
Braga era um dos donos da empresa Nova Santo André, que respondia por cerca de 50% do movimento no setor na cidade.
Segundo Braga, os pagamentos ocorreram de meados de 1997 ao início de 2002 o que representaria cerca de R$ 3,3 milhões.
"Eu não participava de nada. Era mensal e eles recebiam na própria empresa, era o que eu ouvia do Gabrilli, disse Braga, referindo-se a Luiz Alberto Ângelo Gabrilli, então seu sócio e diretor-executivo da empresa ao lado do empresário Ronan Maria Pinto, acusado pelo Ministério Público de organizar a arrecadação.
Segundo Braga, a propina ocorria sob orientação de Ronan. Ele disse que havia um acordo entre os proprietários da empresa pelo qual deveria ser trocada a direção executiva a cada dois anos. Disse que, no fim de 1998, quando deveria assumir, passou a sugerir a realização de uma auditoria interna que poderia comprovar o pagamento da propina.
A partir disso, segundo o relato, outras empresas de seu grupo começaram a ser "perseguidas pela prefeitura de Santo André. Contou que o então secretário de Serviços Municipais, Klinger Luiz de Oliveira Souza, baixou um decreto que restringia a exploração de linhas municipais por uma de suas empresas.