Com uma dívida junto a prefeitura de Araucária, na região metropolitana de Curitiba, e com o objetivo de denunciar um esquema de fraude na administração, o empresário Fernando Vilanueva, conhecido como Xirú, gravou conversas que teve com pessoas ligadas à administração. As conversas, que a reportagem do Paraná TV teve acesso, comprovam a fraude na contratação de serviços.
Numa dessas ligações gravadas, o secretário de Finanças da prefeitura, Cirilo Arcoverde, teria pedido ao chefe de gabinete do prefeito para que inventasse "alguma coisa" para justificar o pagamento da dívida ao empresário - dono de uma empresa de eventos. Em entrevista ao Paraná TV, Arcoverde nega que tenha feito o pedido. Entretanto, na conversa gravada o secretário diz que "não aguenta mais ver a cara do Xirú dentro da prefeitura. Eu preciso fazer o pagamento para ele (Xirú). Resolva o problema dele. É R$ 2.750,00. Dê qualquer coisa para ele... caminhão aí para chamar o Dia da Mulher, para chamar para o evento. Invente alguma coisa. Tchau".
Oficialmente o empresário acabou sendo contratado por R$ 4.030,00 para divulgar a caminhada do Dia da Mulher. O diretor de comunicação da prefeitura, Eugenio Lopes Júnior, sem saber que estava sendo gravado pelo Paraná TV, disse que "foi feita uma tomada de preços e ele (Xirú) ganhou e fez o serviço. Numa outra conversa gravada, Lopes aparece orientando Xirú a fazer o orçamento que daria legalidade ao pagamento de R$ 4.030,00. "Dá R$ 4.030,00. Daí você coloca trio elétrico com animadores na rua. Você acrescenta isso".
O empresário afirma que a contratação e o orçamento eram de mentira. "A nossa empresa não prestou esse serviço", disse Xirú. Para receber o dinheiro da prefeitura, o empresário usou uma nota fiscal emprestada de uma empresa de Curitiba. "Ele tava com uma empresa irregular e me pediu. Tinha uma ordem de serviço e eu só emiti uma nota para ele", disse a empresária Fabiula Fernandes, que complementou dizendo que não fez o evento descriminado na nota.
Segundo a reportagem do telejornal, quem fez o evento foi o técnico de som, Roger Ramos, que cobrou R$ 500,00 pelo aluguel de um caminhão de som. Sem contrato com a prefeitura, Ramos disse que ainda não recebeu os R$ 500. "Esses R$ 500 ninguém viu ainda", disse.
O empresário que fez as gravações disse que vai devolver o dinheiro que recebeu indevidamente. Ele esteve em Curitiba e denunciou o caso ao Ministério Público, que já abriu uma investigação. O secretário Arcoverde, que aparece numa das gravações, disse que a prefeitura de Araucária também vai investigar o caso e se for comprovada a fraude, os servidores envolvidos serão punidos. "Seja ele quem for, ele vai ter sua punição", disse Arcoverde.