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Um empresário do setor imobiliário – proprietário de dois prédios no bairro Bom Retiro, em Curitiba – é o principal suspeito de ter atirado contra uma travesti, na noite de terça-feira (2). De acordo com a polícia, o tiro foi disparado dentro de um flat, em um dos imóveis que pertencem ao acusado, após os dois terem discutido. A vítima foi atingida na perna e está fora de perigo. O advogado do suspeito alega que o disparo foi dado em legítima defesa, depois que a travesti teria anunciado um assalto.

As investigações se iniciaram com a Delegacia de Homicídios (DH), que apurou que o empresário chegou ao prédio – que fica na Rua Domingos Nascimento – por volta das 22h45, em um automóvel Mercedez Classe A. Ele estava acompanhado de uma pessoa que aparentava ser uma mulher, e foi direto ao flat com ela. Pouco depois, testemunhas ouviram uma discussão, seguida de um tiro. A briga teria continuado e outros disparos foram ouvidos.

De acordo com a polícia, o próprio empresário desceu à portaria e solicitou aos funcionários que o ajudassem a socorrer a convidada. Ela foi colocada em um automóvel Hyundai Santa Fé, que pertence ao filho do empresário, e levada do local pelos dois. A Gazeta do Povo esteve no prédio, mas os funcionários informaram que não estavam autorizados comentar o caso. Eles, no entanto, confirmaram que a visitante se tratava de uma travesti.

A vítima foi encontrada em uma das ruas centrais da capital por volta das 2 horas de quarta-feira (3) e encaminhada ao Hospital Cajuru por um homem, que chegou à unidade em um Santana. Na tarde desta quarta, a assessoria de imprensa do hospital informou que a travesti não portava documentos e apresentou o nome de Douglas de Almeida. Além do tiro na perna, ela apresentava várias lesões na face. A vítima tinha estado de saúde considerado estável e estava fora de perigo.

Investigações

No flat, a polícia encontrou diversas poças e manchas de sangue, além de uma cápsula deflagrada e uma marca de tido em um balde. O delegado Sivanei de Almeida Gomes, da DH, solicitou perícias ao Instituto de Criminalística (IC) e ao Instituto de Identificação, que coletaram digitais que, posteriormente, serão confrontadas com os suspeitos de envolvimento no caso.

Segundo o delegado, o empresário está identificado, mas os dados não serão divulgados. A polícia ouviu os funcionários que estavam no prédio e espera a apresentação do suspeito. Gomes aguarda que a vítima tenha condições de prestar depoimento para ouvi-la. O Mercedez Classe A foi apreendido e encaminhado para a perícia. A polícia também procura pelo outro automóvel.

"O empresário é o principal suspeito, porque chegou acompanhado da vítima e, em seguida, a retirou do prédio, já ferida pelo disparo", disse. De acordo com o delegado, o acusado pode ser indiciado por tentativa de homicídio. Se for comprovado que ele abandonou a travesti sem atendimento, ele também pode responder por omissão de socorro.

Outra versão: tentativa de assalto

No fim da tarde desta quarta, o advogado do empresário registrou boletim de ocorrência contra a travesti, na Delegacia de Furtos e Roubos (DFR), da capital. Ele alegou à polícia que o empresário levou a travesti ao prédio para mostrar um flat, que ela teria demonstrado interesse em alugar.

Entretanto, quando estavam dentro do imóvel, a travesti teria sacado uma arma e anunciado um assalto. De acordo com a defesa, o empresário teria entrado em luta corporal com ela e conseguiu tomar-lhe a arma e acabou disparando. O advogado parte do princípio de que o empresário atirou em legítima defesa.

Após ter atingido a travesti, o empresário e o filho teriam prestado socorro, mas quando a levavam para o hospital, ela teria reagido, abrindo a porta do carro e fugindo. A DFR aguarda a apresentação do empresário para tomar o depoimento. O nome do advogado não foi revelado pelas autoridades, para não comprometer as investigações.

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