Brasília Solto graças ao benefício da delação premiada, o empresário Luiz Antônio Vedoin, chefe da máfia das ambulâncias, pode voltar para atrás das grades se faltar nesta quinta-feira novamente ao seu depoimento à CPI das Sanguessugas. Ontem o próprio Vedoin chegou a emitir as passagens aéreas de Cuiabá para Brasília, onde seria ouvido na sede da Polícia Federal, mas não apareceu, deixando indignados os integrantes da comissão.
O presidente da CPI, deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), ligou para o juiz federal de Mato Grosso, Jefferson Schneider, responsável pelo processo dos sanguessugas, pedindo providências. O magistrado, segundo Biscaia, determinou que Vedoin compareça hoje, às 9h, na sede da Polícia Federal, sob pena de voltar a ser preso. O empresário ganhou a liberdade depois de aceitar a proposta da Justiça de delatar os envolvidos no esquema, entre eles 115 parlamentares e ex-parlamentares.
Segundo integrantes da CPI, por trás do sumiço de Vedoin, está uma disputa entre seus dois advogados, Laura Gisele Spinola e Otto Medeiros Júnior. Laura teria convencido Vedoin a negociar a delação premiada, enquanto Otto seria contrário à estratégia. Hoje, o advogado disse que seu cliente não foi ao depoimento apenas porque não foi notificado. "Não temos bola de cristal para saber que iria haver depoimento", disse.
Deputados e senadores da CPI, no entanto, não engoliram a explicação. "Ele não deixou de vir por causa de uma informalidade, e sim porque está com medo de ser confrontado. Aqui na CPI não tem essa de colaboração, e ele teria que nos tirar dúvida por dúvida", disse o sub-relator da CPI, deputado Júlio Delgado.
Interrogarão o empresário sete integrantes da CPI: o presidente Biscaia, o relator Amir Lando (PMDB-RO) e os deputados Júlio Delgado, Paulo Rubem Santiago (PT-PE), Carlos Sampaio (PSDB-SP), Fernando Gabeira (PV-RJ) e Raul Jungmann (PPS-PE).
O depoimento também será acompanhado pela senadora Heloísa Helena (PSol-AL), candidata à Presidência da República. Eles vão tirar dúvidas sobre as acusações feitas pelo empresário e buscar mais informações sobre os nomes que são citados, mas contra os quais não há provas de envolvimento no esquema de compra de ambulâncias com valores superfaturados.
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