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Preso temporariamente pela Polícia Federal (PF) por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, o empresário Ivan Rejane Fonte Boa disse, neste sábado (23), em audiência de custódia, que está sendo "muitíssimo bem tratado" no Complexo Penitenciário Nelson Hungria, em Contagem (MG). Também afirmou não ter qualquer reclamação a fazer acerca da conduta dos policiais federais que efetuaram sua prisão.
A audiência de custódia é um ato em que o preso tem o direito de ser ouvido por um juiz para que sejam avaliadas as circunstâncias em que foi realizada sua prisão e examinados aspectos de legalidade formal e material do procedimento. No termo da audiência, a que a Gazeta do Povo teve acesso, não constam manifestações do empresário ou de sua defesa a respeito das acusações a que ele responde.
Moraes determinou a prisão de Fonte Boa, além do bloqueio de suas redes sociais, após o empresário publicar vídeo em que faz ameaças de violência física a membros do PT e a integrantes do STF. Ele diz que, caso não saiam do país, os mencionados serão "caçados".
Na gravação, ele cita nominalmente o ex-presidente Lula e os deputados federais Gleisi Hoffmann, presidente do PT, e Marcelo Freixo (PSB-RJ), além dos ministros do Supremo Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, Luiz Fux, Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia e Rosa Weber. "Sumam do Brasil. Nós vamos pendurar vocês de cabeça para baixo", diz, em determinado momento.
Detido na sexta-feira (22) em Belo Horizonte, o empresário foi ouvido, por videoconferência, pelo desembargador Airton Vieira, magistrado instrutor do gabinete de Moraes, a partir das 11h20 deste sábado.
Casado e pai de três meninas, a mais nova com três meses de idade, Fonte Boa declarou, no depoimento, ser proprietário de uma clínica de recuperação de dependentes químicos, além de estudante de administração e "trainer" em programação neurolinguística.
Segundo o termo de audiência de custódia, ele disse que os policiais federais que cumpriram o mandado de prisão chegaram a arrombar o portão de sua casa e atiraram spray em seus dois cachorros, das raças pastor alemão e pitbull. Apesar disso, disse ter sido bem tratado, não tendo nenhuma reclamação a fazer em relação à conduta dos agentes.
Logo após a prisão, ele foi levado à Superintendência da PF em Belo Horizonte, onde foi submetido a exame de corpo de delito, antes de ser encaminhado ao presídio Nelson Hungria. Na oitiva realizada pela PF, permaneceu em silêncio porque, segundo ele, seus advogados estavam em viagem no interior de Minas Gerais.
O empresário, que está detido em uma cela na enfermaria do presídio e isolado dos demais presos, disse ainda estar sendo "muitíssimo bem tratado" também na prisão. Segundo ele, o diretor da penitenciária optou por deixá-lo sozinho em razão da repercussão de seu caso.
"Tenho um canal na internet por meio do qual me pronuncio contra o uso das drogas, inclusive com uso de violência pelas forças policiais, o que causa animosidade com os demais presos", afirmou, segundo o termo de audiência.
Ainda durante o depoimento, a advogada de Fonte Boa, Amanda Rodrigues Alves, disse que apresentaria requerimentos de relaxamento e revogação da prisão temporária decretada.