Impasse

O critério de seleção dos bolsistas do CsF opõe a CNI e o governo federal. A entidade gostaria de poder escolher os estudantes contemplados com as bolsas, a fim de qualificar mão de obra das empresas doadoras e do setor. O MEC, contudo, diz não abrir mão do critério universal, em que o programa é aberto a qualquer candidato que obtenha nota superior a 600 pontos no Enem e domine o idioma do país aonde for estudar.

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Estatais e bancos públicos bancarão a maior parte das bolsas de estudo que seriam doadas pelo setor privado ao programa Ciência Sem Fronteiras (CsF). Das 10.450 bolsas prometidas e não entregues pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pela Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), pelo menos 8 mil serão financiadas por Petrobras, Eletrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. Outras 950 deverão ser custeadas por empresas privadas. Balanço feito pelo Ministério da Educação (MEC) mostra que ainda falta conseguir 1,5 mil bolsas para cobrir o rombo.

Lançado em 2011, o Ciência sem Fronteiras tem a meta de conceder 101 mil bolsas de estudo até 2015 — a maioria delas para alunos de graduação passarem um ano no exterior. Desse total, 75 mil serão bancadas pelo governo e 26 mil, por parceiros.

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O recuo da CNI e da Abdib jogou um problema no colo do governo. Somadas, as duas entidades tinham se comprometido a doar 11 mil bolsas. A Abdib, porém, desistiu e não entregou nenhuma das 5 mil que prometera. A entidade é formada pelas maiores construtoras do país, além de empresas de energia e escritórios de advocacia. A justificativa para não contribuir com o CsF foi a falta de recursos.

Já a CNI, que acenara com 6 mil bolsas, decidiu doar apenas 550, o equivalente a 9% do anunciado. Assim, na tentativa de cobrir o déficit de 10.450 bolsas, o governo saiu atrás de estatais e empresas privadas. A Petrobras, que se comprometera a doar 5 mil bolsas, dobrou esse número e arcará com 10 mil, a um custo extra estimado em R$ 423 milhões. A Eletrobras subirá sua cota de 2,5 mil para 4,5 mil bolsas, enquanto Banco do Brasil e Caixa entrarão com 500 bolsas cada.

No desenho original do programa, o setor privado arcaria com 18,5 mil bolsas e duas estatais — a Petrobras e a Eletrobras —, com 7,5 mil, totalizando a contribuição de 26 mil bolsas. Se isso ocorresse, o setor privado responderia por 71% do universo de bolsas custeadas por parceiros do governo. Agora a conta se inverteu e empresas públicas arcarão com cerca de 60% das despesas.

O secretário-executivo do MEC, Luiz Claudio Costa, diz que as negociações com os novos parceiros estão adiantadas e que as 26 mil bolsas prometidas serão entregues. "Já houve o acordo, só faltam os detalhes. Isso está completamente equacionado."