Uma operação da Polícia Federal (PF), realizada na manhã desta terça-feira (25), cumpriu mandados de busca e apreensão em nove empresas de confecção de Londrina e duas de Ibiporã, no Norte do Paraná. Os estabelecimentos são investigados pelos crimes de contrabando e descaminho. A investigação apura, entre outras coisas, a importação de roupas do exterior sem o recolhimento devido de impostos. Etiquetas e várias peças de vestuário foram recolhidas pelos 50 policiais federais e auditores da Receita Federal que participaram da operação.
“As roupas eram trazidas em ônibus do Paraguai e chegavam aqui ainda com as a etiquetas que comprovavam a fabricação chinesa. Em Londrina e Ibiporã, costureiras eram responsáveis pela troca dessas etiquetas por outras com informação de lojas da região, Assim [o produto] era vendido com aparente legalidade, especialmente em lojas da região da Rua Sergipe [no centro], como se as roupas tivessem sido fabricadas por empresas daqui”, explicou o delegado da Polícia Federal, Sandro Roberto Viana dos Santos.
A maioria das empresas onde a PF cumpriu os mandados judiciais nesta manhã está localizada nas proximidades da Rodoviária de Londrina. Um dos estabelecimentos, inclusive, já foi alvo de investigação da Operação Publicano, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que apurou a sonegação de impostos a partir do pagamento de propina a funcionários da Receita Estadual.
“Nós [da PF] nem fomos atrás de apreender documentos ou computadores, porque o Ministério Público, quando fez a Operação Publicano, já arrecadou este material.” A Receita Federal fará um levantamento das importadoras utilizadas no esquema, uma delas com sede no Uruguai. Após este levantamento, a Receita Federal irá ainda fazer um cruzamento de dados fiscais disponíveis no sistema tributário. “Iremos solicitar ao MP o acesso aos documentos por ele apreendidos.”
De acordo com o delgado da PF, as empresas investigadas na Operação Etiqueta pertenciam a dois empresários, pai e filho. Apesar de identificados, só o filho, responsável atual pelo esquema, foi convocado a prestar depoimento à Polícia Federal nos próximos dias. O pai não foi convocado por ter sido diagnosticado com Alzheimer, segundo Santos. Oficialmente, o nome das empresas e dos empresários não foram divulgados.
O delegado explicou que, depois de importadas, as roupas trazidas do Paraguai e China tinham as etiquetas trocadas. O material ficava armazenado em barracões localizados em Londrina e Ibiporã e era vendido em lojas que também integravam o mesmo grupo criminoso. A estimativa da PF é de que a comercialização irregular dos produtos gerava um faturamento mensal de cerca de R$ 15 milhões - deste total, apenas R$ 4 milhões eram acobertados por notas fiscais.
O grupo criminoso também é investigado por usar “laranjas” para abrir aproximadamente 50 empresas de fachada com o objetivo de ocultar a real movimentação financeira do esquema. Isso teria sido feito, segundo a Polícia Federal, com o conhecimento de agentes públicos da Receita Estadual, mediante pagamento de propina para evitar fiscalizações. Por isso, a operação também apura crimes de corrupção passiva. A suspeita é que o esquema começou a funcionar em 2010.
Os estabelecimentos alvos da operação foram lacrados pela Polícia Federal, já que por causa da enorme quantidade de produtos, não foi possível apreender e fazer a retirada de tudo pela PF.
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