As empresas de ônibus que operam na Rede Integrada de Transporte (RIT), em Curitiba e região metropolitana, querem uma revisão dos contratos firmados com a Urbs após a licitação realizada em 2010, ainda com a prefeitura sob administração do ex-prefeito Beto Richa (PSDB). De acordo com o advogado do Setransp (sindicato das empresas), Sacha Reck, a revisão já foi solicitada para a operadora do sistema. A alegação é de que as planilhas de custos, utilizadas para calcular a tarifa técnica, que é a remuneração das empresas, não correspondem à realidade, já que os gastos que as empresas têm são muito superiores ao que foi estimado na licitação.
"As empresas estão em uma situação muito difícil, com problemas de caixa. Um trabalho feito por uma equipe da USP mostrou que ao fim do contrato, a taxa interna de retorno das empresas será de -0,62%", diz Reck. Para ele, o problema não seria a falta de lucratividade para as empresas, mas sim a não recuperação do dinheiro que foi investido no sistema ao longo de 15 anos.
As declarações foram concedidas durante coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira (2), quando o Setransp também apresentou sugestões para diminuir o preço da passagem.
Redução
Para o Setransp, a diminuição da tarifa de ônibus está diretamente ligada a execução de um plano de mobilidade urbana, um plano diretor de transporte e trânsito e a realização de uma pesquisa origem-destino, para conhecer os hábitos dos usuários. A partir disso, é possível equalizar melhor o sistema e reduzir custos com efetividade.Mesmo assim, no entendimento das empresas, ainda há "gordura" para queimar e reduzir o valor da passagem imediatamente. O sindicato questiona os valores dos subsídios do governo estadual, municipal e também repasses de outras secretarias que "bancariam" uma parte dos gastos. Segundo as contas do Setransp, há uma "sobra" de R$ 0,18 de subsídios que não foram repassados para o usuário.
Além disso, o sindicato defende que haja uma responsabilização de custeio em relação às gratuidades do sistema para deficientes, doentes crônicos, estudantes, policiais, carteiros etc. Esse custeio, representaria uma economia de R$ 0,30. O sindicato também defende que a taxa de administração da Urbs não seja cobrada apenas do usuário, mas sim de toda a sociedade curitibana, o que também geraria uma redução de R$ 0,10 na tarifa.
CPI
A CPI na câmara de Curitiba que investiga o sistema de transporte é vista como a "última esperança" dos empresários, para que haja esclarecimento sobre a real situação da rede. Porém, também é alvo de críticas. A principal reclamação é contra a avaliação considerada injusta do papel das empreas, sendo apresentadas como vilãs na situação e apenas preocupadas com o lucro.
Outro lado
Segundo o presidente da Urbs, Roberto Gregório da Silva Junior, medidas como fonte de custeio para as gratuidades, apesar de importantes, não são simples, já que envolvem leis dos três níveis de governo. Sobre a mudança na arrecadação da taxa de gerenciamento a Urbs, Gregório vê com desconfiança uma tentativa de fragilizar o suporte financeiro para a fiscalização e planejamento do transporte.
Atualmente, a Urbs já está revendo alguns itens que podem aliviar as contas na planilha. Entre eles estão a taxa de risco para ônibus híbridos e impostos exclusivos, que abrange o Imposto de Renda, que não é pago por empresas que estão com prejuízo.
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