Urbs ainda não deu resposta e não se sabe se a passagem dos usuários subirá também| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Anúncio na Segunda

Durante a coletiva de lançamento da revisão do Plano Diretor, Gustavo Fruet revelou que deve fazer um anúncio sobre o transporte coletivo na segunda-feira. "Não será nada de bombástico, preciso ter as informações concluídas de consultas que fizemos com o MP, Judiciário e TCE-PR. O tema não será resolvido na segunda, vai se prolongar. Mas está na hora de um novo pacto, temos que repactuar o financiamento do sistema", resumiu, sem dizer se o anúncio está relacionado ao reajuste da tarifa.

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Resposta

Empresários rebatem tese de irregularidade nos impostos exclusivos

Um dia após a Urbs confirmar que abriu um procedimento administrativo para retirar do cálculo da tarifa técnica o Imposto de Renda e a Contribuição sobre o Lucro Liquido – ambos impostos exclusivos –, as empresas de ônibus emitiram uma nota para afirmar que não incorreram em nenhuma ilegalidade.

Explicação

De acordo com o Setransp, sindicato que representa as empresas de ônibus, os empresários consideraram o recolhimento desses impostos dentro da rubrica de suas despesas, seguindo rigorosamente as normas legais da Receita Federal. Para os empresários, uma eventual exclusão da classificação "impostos exclusivos" do orçamento tarifário da Urbs não pode implicar redução de valores da remuneração das empresas, devendo tal rubrica, se excluída, ser substituída por outra, de mesmo valor, com o objetivo de manter o equilíbrio econômico do contrato. De acordo com o contrato assinado após a licitação de 2010, as empresas têm direito a receber 8% de taxa de retorno sobre o investimento realizado no setor.

Relatório

Segundo o relatório de auditoria do Tribunal de Contas do Estado do Paraná, a incidência desses dois encargos na tarifa técnica significa R$ 0,11 a mais no cálculo do valor repassado às empresas por passageiro pagante. O TCE-PR chegou a determinar a retirada desse e de outros itens que considerou irregulares na planilha tarifária, mas o desembargador Marques Cury suspendeu os efeitos da liminar. A Procuradoria Geral do Estado (PGE) já entrou na Justiça contra a decisão do desembargador, mas o recurso ainda não foi julgado.

As empresas de ônibus que operam em Curitiba e Região Metropolitana protocolaram ontem, na Urbs, um pedido para que a tarifa técnica da Rede Integrada de Transportes (RIT) deste ano seja de R$ 3,3385 – R$ 0,40 a mais que a atual. O aumento, segundo empresários do setor, representaria apenas uma repactuação segundo os índices previstos no contrato. A empresa que administra o transporte, entretanto, apresentou na semana passada uma proposta de reajuste na ordem de R$ 0,26.

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O próximo passo da negociação é uma resposta da Urbs sobre o pedido dos empresários. Mesmo que a negociação se arraste, a data-base do contrato é 26 de fevereiro. Isso quer dizer que, em caso de aumento, os empresários receberão a nova tarifa de forma retroativa.

A repactuação prevista pelos empresários significa um aumento de 13,74%. Na proposta da Urbs, o reajuste é de 9%. Empresários ouvidos pela reportagem afirmaram que não poderiam comparar as projeções porque não tiveram acesso aos cálculos da concedente, mas que a proposta apresentada por eles previa apenas reajustes dentro dos parâmetros contratuais.

A tarifa técnica é aquela repassada às empresas de ônibus. A diferença entre ela e o valor cobrado do usuário, hoje em R$ 2,70, é coberta por subsídios públicos. No ano passado, de acordo com a administração municipal, essa diferença foi de R$ 7 milhões – sendo R$ 5 milhões subsidiados pelo governo estadual e outros R$ 2 milhões, pela Prefeitura de Curitiba.

Tanto a projeção das empresas quanto a da Urbs deve pressionar a tarifa cobrada do usuário e aquecer ainda mais os debates pela revisão do subsídio estadual para o sistema. Segundo a Urbs, todo o déficit do ano passado ocorreu em função da operação das linhas metropolitanas. Hoje, a tarifa técnica das linhas que rodam apenas em Curitiba é menor que a cobrada do usuário.

A renovação do acordo de subsídio atual de R$ 5 milhões ainda é incerta. Apesar de o governador Beto Richa ter anunciado que o acordo atual seria prorrogado até dezembro, Comec e prefeitura renovaram por apenas 15 dias o acordo, vencido no último dia 28, para que as partes voltem a negociar. Até o fechamento desta edição, nenhuma das partes havia se posicionado sobre o assunto.

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Sindicatos pedem depósito judicial de "excedente" da tarifa

Entidades de classe de Curitiba envolvidas no imbróglio sobre o transporte público da região entraram, ontem, com um pedido para fazer parte da ação judicial movida por empresários contra a cautelar do TCE-P. Elas também pediram o depósito judicial proporcional aos R$ 10,9 milhões mensais provenientes da redução da tarifa técnica desde a expedida da liminar do TCE-PR, que ocorreu no último dia 30 de janeiro.

O amicus curiae, como é conhecido juridicamente esse pedido, é assinado pelo Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge-PR), o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato), a APUFPR - Seção Sindical do Andes-SN, o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários, Financiários e Empresas do Ramo Financeiro de Curitiba e Região (Bancários de Curitiba) e Sindicato dos Trabalhadores em Urbanização do Estado do Paraná (Sindiurbano). Esse recurso é uma medida que permite às entidades a manifestação formal no processo.

Além do depósito em juízo, os cincos sindicatos pedem audiência pública no Tribunal de Justiça do Paraná para debater a possibilidade do TCE-PR realizar fiscalização cautelar. De acordo com o presidente do Senge-PR, Ulisses Kaniak, ao contestar a competência do TCE em realizar fiscalizações cautelares, a decisão do TJ prejudica não apenas a imagem do órgão fiscalizador, mas toda a população usuária do transporte coletivo, que continua bancando dia a dia as irregularidades da tarifa.

Colaborou Bruna Komarchesqui

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