As empresas de ônibus de Curitiba informaram que devem regularizar o pagamento da antecipação salarial (o vale, que corresponde a 40% dos vencimentos dos empregados) ainda nesta terça-feira (22). O Sindicato das Empresas de Sindicato das Empresas de Transporte Urbano e Metropolitano de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) não soube precisar quantas empresas estão sem pagamento regularizado, mas disse que dificuldades financeiras geradas por causa da defasagem da tarifa técnica comprometeriam o pagamento.
Os atrasos geraram protestos dos motoristas e cobradores de ônibus de linhas que atendem a região do bairro Santa Cândida. Eles pararam os ônibus durante duas horas na noite de segunda-feira (21) no terminal do bairro. Um indicativo de greve de 72 horas foi aberto pelos funcionários, que são contratados da empresa Glória, e reclamavam da falta de pagamento. Caso a empresa não realizasse o depósito até quinta-feira (23), eles entrariam em greve.
Segundo o presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), Anderson Teixeira, até as 18h30 desta terça-feira somente a empresa Araucária Filial não havia realizado o pagamento na íntegra. Ainda faltava 50% do valor do vale. A empresa Glória regularizou a pendência com os trabalhadores. “Com o pagamento, é retirado o indicativo de greve. Vamos esperar para que seja paga a pendência da Araucária Filial. Caso isso não aconteça, entramos com uma ação na Justiça e se mesmo assim não se resolver o problema, será marcada uma assembleia da categoria para deliberar sobre uma greve”, explica o presidente do sindicato.
Com base no acordo firmado no Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR) no início de 2015, o Sindimoc diz ter acionado no órgão as empresas, exigindo multa de R$ 1 milhão revertida aos trabalhadores.
Tarifa técnica
Segundo o Setransp, a tarifa técnica deveria ter sido reajustada em fevereiro deste ano, conforme previsto em contrato, o que tem gerado problemas financeiros para as empresas. Com isso, o sindicato que representa as concessionárias entrou na Justiça para que a Urbanização de Curitiba (Urbs), responsável pela negociação sobre a tarifa técnica, realize o reajuste deste ano.
Procurada pela reportagem, a Urbs informou que desde que a empresa firmou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) no Ministério Público do Paraná (MP-PR), em maio deste ano, foram repassados R$ 28 milhões como antecipação do valor devido às concessionárias que esperam o aumento da tarifa técnica. O reajuste ainda está em discussão e não há data para que tanto a prefeitura, por parte da Urbs, quanto as empresas entrem em acordo.
O Setransp voltou a ser questionado sobre o valor repassado pela Urbs e informou que isso não cobre todo o rombo causado pela defasagem da tarifa técnica. De acordo com o sindicato das empresas, o reajuste é necessário para cobrir outros custos e, sem ele, o repasse do valor antecipado serve para cobrir parte do rombo, o que prejudica o pagamento dos funcionários. A defasagem ocorre, diz o Setransp, por causa da inflação, custo do óleo diesel, lubrificante e outros itens que compõe a planilha de custos do transporte coletivo.
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