Os relatórios da Comissão de Estudos Tarifários, criada pela Urbanização de Curitiba (Urbs) e que funcionou durante quatro meses em 2005, mostram indícios de que as empresas de ônibus recebiam mais dinheiro do que efetivamente gastavam para a manutenção dos veículos. A comissão foi criada no início da gestão Beto Richa para verificar os gastos das empresas e os ressarcimentos pagos pela Urbs, e levou a prefeitura a passar menos recursos para as empresas desde então.
Apenas a empresa Nossa Senhora da Luz, das 22 operadoras do sistema de ônibus, entregou as notas fiscais dos 12 meses de 2004 referentes aos gastos de todos os itens de manutenção. As notas mostram que os gastos foram menores, por exemplo, em pneus (38%) e peças e serviços (47% a 287%, dependendo do tipo de ônibus).
Algumas despesas de lubrificantes também foram bem menores do que o repasse do órgão gerenciador do sistema. A Nossa Senhora da Luz gastou 324% e 356% menos em fluido de freio e graxa, respectivamente. A Transporte Coletivo Glória recebeu 163% a mais para comprar graxa. Porém, em outros itens o gasto foi maior do que o repasse (veja tabela). Os dados referem-se às despesas ao longo de 2004 apresentadas pelas próprias empresas.
Como poucas empresas entregaram as notas fiscais, o relatório final afirma que não era possível estender as conclusões a todas as concessionárias. "A Urbs faz esse controle em alguns pontos: pessoal e veículos, mas não temos conhecimento do que as empresas pagam em lubrificantes, material rodante, peças e serviços de manutenção, só através de estudos", afirma o relatório.
Por causa da dificuldade de obter a comprovação dos gastos em manutenção é que a Urbs ingressou com uma ação na Justiça para obrigar as atuais permissionárias a entregar todas as notas fiscais de despesas. Porém, em outubro passado, a juíza Vanessa de Souza Camargo extinguiu o processo por entender que a informação havia sido prestada na entrega de 13 caixas contendo documentos. (HC)