Moradores de Guarapuava e de municípios vizinhos da região Centro-Sul, como Rebouças, Irati e Mallet, estão sem abastecimento de água devido às enchentes registradas no final de semana.
As cheias dos rios inundaram as estações de captação de água e afetaram o funcionamento dos maquinários. A Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) trabalha para normalizar o abastecimento. A Serra da Esperança, entre Prudentópolis e Guarapuava, continua interditada após um deslizamento. O bloqueio impede o acesso de quem se desloca da capital à região Oeste. Veja a situação em algumas cidades da região:
Guarapuava
Segundo a Defesa Civil do Paraná, 794 pessoas foram afetadas pelas chuvas em Guarapuava.Pela manhã, a ponte sobre o Rio dos Patos, no Km 276 da BR-277 começou a ser liberada para veículos menores, mas 30 quilômetros à frente, o asfalto cedeu, impedindo motoristas de prosseguir viagem durante toda a tarde.
Um desvio foi feito via Inácio Martins, que inclui um trecho de 15 quilômetros de estrada de terra.
No centro de Guarapuava, o clima era de aparente normalidade na tarde desta segunda-feira, apesar da falta de água e do cancelamento das aulas na rede municipal até quarta-feira (11). Até às 16 horas, no entanto, a Defesa Civil contabilizou 600 desalojados que foram para casas de parentes ou amigos ; 265 abrigados em locais improvisados, como escolas e igrejas; duas mortes sendo uma no município de Laranjeiras do Sul (distante cerca de 100 quilômetros).
Um dos quatro desaparecidos em Guarapuava é Antônio Aneuto Meira Pinto, 50 anos, funcionário de uma madeireira. Sua família trabalha nas buscas às margens do Rio Cascavelzinho, juntamente com os Bombeiros, desde a manhã de domingo.
O irmão Ardelino Meira Pinto, 52 anos, conta que, na noite do sábado, Antônio ajudou a esposa a erguer os móveis dentro de casa, após o início da chuva, e pegou o carro para ir a um churrasco no bairro ao lado. O Ford Fiesta vermelho foi encontrado dentro do rio, e moradores relatam terem visto a vítima gritar por socorro. Segundo familiares, um bombeiro, que teria tentado ajudar Antônio a sair do rio, levou um choque e foi hospitalizado na UTI, mas passa bem.
Desde então, somente a calça da vítima foi encontrada. "Vivo não temos mais esperança de achar, mas amanhã voltaremos, porque é muito triste não ter o corpo", desabafa o outro irmão, Pedro Meira Pinto. "Estamos aqui desde 7 horas da manhã, sem almoço. Todos entramos no rio para procurar."
Com a previsão de que o abastecimento seja normalizado apenas na quarta-feira e com água mineral em falta no comércio, moradores de Guarapuava captavam água de uma bica próxima ao Rio Jordão, em garrafas e baldes. "Banho hoje nem vai ter jeito, é mais para descarga e fazer um lanche mesmo", diz o pedreiro Fernando José de Sousa, 36 anos, morador do bairro Planalto.
Irati
Duas mil pessoas foram afetadas pelo excesso de chuvas em Irati. Algumas casas ficaram encobertas pela água. Conforme Rozinilda Barbara, da Defesa Civil, há 100 pessoas em abrigos públicos. O município ficou isolado pelas quedas de barreiras nas rodovias de acesso no final de semana, mas já era possível, na tarde de segunda-feira (9) chegar à cidade pela BR-277.
Uma força-tarefa foi montada para receber donativos e atender a população. A Secretaria Estadual de Saúde liberou doses de vacinas e medicamentos para Irati a pedido da Defesa Civil.
Na manhã desta segunda-feira, os empresários José Tibes e Liziane Bobika esperavam a água sobre a Ponte do Rio dos Patos, no Km 306 da BR-277, baixar, para voltar de Garuva, em Santa Catarina, para Quedas do Iguaçu.
Como dezenas de motoristas que examinavam mapas em postos ao longo da estrada, eles estavam "ilhados" a 340 quilômetros de casa. "Tem três obstáculos para chegar até lá. Estamos aqui há duas horas. Até à tarde, se Deus quiser, conseguimos", planejou ele.
Com uma trégua da chuva, o dia foi de falta de água em Irati. No centro da cidade, era praticamente impossível encontrar um restaurante aberto. Conseguir água para cozinhar, tomar banho e limpar os estragos da tempestade dependia da solidariedade de vizinhos.
"Quem tem poço artesiano liga no rádio e avisa os outros", conta o vendedor de material elétrico Ronaldo Jurczyszyn, que não pôde sair para fazer trabalhar em Mallet, por conta de bloqueios na estrada. O restaurante Forno a Lenha, à beira da BR-153, só abriu porque precisava fornecer marmitex aos trabalhadores do Dnit, que faziam reparos nas estradas. "Água para cozinhar tivemos que comprar mineral. Mas até para lavar louça teremos que buscar em um posto. O movimento foi bem pequeno hoje", contabiliza Marcele do Amaral, filha do proprietário.
São João do Triunfo
Em São João do Triunfo, duas pontes cederam à força das águas e a cidade está sem acesso tanto para São Mateus do Sul quanto para Palmeira. No sentido a Palmeira, pela PR-151, moradores construíram um acesso de madeira para a passagem de pessoas. O Exército de Porto União (SC) vai averiguar a possibilidade de construir uma ponte metálica no local.
Conforme o coordenador da Defesa Civil do município, Demerson Levandoski, 80% da população de São João do Triunfo é da área rural. "Por causa das condições das estradas ainda nem chegamos à área rural para saber como está a situação", aponta. A Defesa Civil do Paraná informou que há 400 pessoas desabrigadas no município. Também falta água e as aulas tiveram que ser suspensas até quarta-feira (11).
Mallet
O prefeito de Mallet, Rogério da Silva Almeida, considera que a enchente foi a "pior da história" do município. Segundo ele, 274 casas foram inundadas e algumas famílias estão abrigadas no ginásio municipal de Mallet. Almeida relatou prejuízos a pelo menos 18 empresários, que tiveram pontos comerciais inundados, e perdas em aviários e barracões de fumo.
"Só um produtor perdeu 30 mil frangos", comentou. A cidade está sem água potável e as aulas foram suspensas nesta segunda (9) e terça-feira (10).
Fernandes Pinheiro
Em Fernandes Pinheiro, segundo a integrante da Defesa Civil, Adriana Cristina Pioski, há 59 pessoas em abrigos públicos e 38 em casas de parentes. Uma caminhonete, com quatro ocupantes, quase rodou na correnteza no domingo, mas populares conseguiram resgatar as vítimas e ninguém se feriu.
Rio AzulA água baixou na tarde desta segunda-feira (9) em Rio Azul, mas o desabastecimento continua e as aulas também foram canceladas.
RebouçasCom 300 pessoas desabrigadas e 3 mil desalojadas, segundo a sub-comandante do Corpo de Bombeiros, tenente Carla Spak, Rebouças ainda estava sob risco de novos alagamentos nesta segunda-feira (9) porque o nível do rio Potinga, que corta a cidade, estava subindo.
No domingo, uma gestante foi resgatada de barco do Corpo de Bombeiros e uma paciente foi transportada pelo helicóptero da Defesa Civil.
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