O doutor Henrique Suplicy, endocrinologista, professor da Universidade Federal do Paraná e presidente nacional da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade (Abeso) classificou a prescrição da receita dada a Kristina Gomes, paciente do médico Antonio Pedro Paulo Nuevo Miguel, preso na manhã desta quinta-feira (15), como absurda.

CARREGANDO :)

"Dar um dietilpropiona (remédio de tarja preta para diminuir a fome) e diazepam (tranqüilizante) para uma menina com 52 quilos, sadia, é inimaginável".

Por uma questão ética, Suplicy preferiu não comentar o atendimento dado à Kristina, mas explicou como seria uma consulta "ideal e ética". Primeiramente é preciso deixar claro ao paciente que o objetivo do emagrecimento é a perda de peso, melhora da saúde e da qualidade de vida e a manutenção do peso perdido. "O fundamental é mudar os hábitos de vida do paciente", resumiu.

Publicidade

"A consulta deve estar sustentada em três pontos: entender o processo que levou o paciente a engordar, ou seja, saber de possíveis tratamentos anteriores e descobrir o fator que propicia o aumento do peso. O segundo ponto é a realização de exames físicos, que vai apontar um possível problema endócrino (tireóide), e por último a realização de exames laboratoriais (colesterol, glicose, etc...)", explicou o médico.

Quanto aos medicamentos prescritos pelo médico Miguel à Kristina, Suplicy conta que uma resolução do Conselho Federal de Medicina nº 1477 aprovada em 11/07/1997 "veda aos médicos a prescrição simultânea de drogas do tipo anfetaminas (Ex: Dietilpropiona), com um ou mais dos seguintes farmacos: benzodiazepínicos (Ex: Diazepam), diuréticos, hormônios ou extratos hormonais e laxantes, com finalidade de tratamento de obesidade ou emagrecimento já que tem causado graves riscos à saúde humana, podendo inclusive provocar dependência", conta.

Perguntado sobre os efeitos dos medicamentos prescritos pelo médico Miguel, que no depoimento à polícia negou que a medicação prescrita cause dependência, Suplicy afirmou que os dois medicamentos, mesmo sendo ingeridos isoladamente, causam vício nos pacientes.

"O ideal no caso da Kristina era conversar sobre o processo de ganho de peso e incentivar a reeducação alimentar e a realização de atividades físicas para perder peso", concluiu Suplicy.

Publicidade