Balanço
Prova teve abstenção de 29%, equivalente 2 milhões de pessoas
Folhapress
O segundo dia de provas do Enem terminou com um índice de abstenção alto. Ao todo, 29% dos candidatos (cerca de 2 milhões de pessoas) não compareceram à prova. A taxa é maior do que a de 2012 (27,9%).
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, classificou o exame como "um sucesso". "A segurança foi muito eficiente. Não houve qualquer vazamento para dar igualdade de qualquer", afirmou. Apenas foram registrados casos de postagens da prova em redes sociais, o que levou à desclassificação de 36 candidatos.
O ministro comentou a repercussão nas redes sociais de questão de sábado em que aparecia a palavra gasolina, grafada com Z. "Nós tínhamos ali uma charge de 1960 que contextualizava exatamente o tema da pergunta. E que estimulava uma certa reflexão da história. Não só gasolina estava com Z (...) como em seguida tem um jeca que usa [a expressão] doutô. Você está lidando com uma linguagem artística, respeita a obra", argumentou.
O nível elevado da prova do Enem 2013, mais difícil do que no ano passado segundo professores consultados pela Gazeta do Povo, fez com que muitos estudantes reclamassem de falta de tempo para resolver as questões com calma. As perguntas exigiram bastante leitura e o tema da redação não estava entre os mais lembrados nas aulas preparatórias.
Confira a correção do Enem 2013
Os estudantes discorreram sobre os efeitos da Lei Seca, assunto que vinha bem atrás da Copa do Mundo e dos protestos de junho na "bolsa de apostas" informal que sempre aparece antes do Enem. "Estava esperando algo como espionagem, seca ou mobilidade", disse Fernanda Macedo, 17 anos, aspirante a uma vaga no curso de Arquitetura da UFPR.
Apesar da surpresa sobre o tema, a professora Cleuza Cecato, do Colégio Bom Jesus, analisa que a questão não fugiu do que costuma ser cobrado no Enem: assuntos com repercussão social e que permitem a reflexão. "Foi uma escolha oportuna, já que em dezembro do ano passado a lei passou a ser mais rigorosa", lembra. Além disso, é tema que chama a atenção dos jovens que estão na idade de ingressar na universidade.
As provas de Linguagens e Matemática foram consideradas exigentes e cansativas. A primeira, por demandar um nível elevado de leitura e o conhecimento prévio de Machado de Assis e Clarice Lispector. No caso de Matemática, o problema foi o trabalho para resolver as questões. "São só três minutos por questão. A falta de tempo prejudicou os estudantes", diz o professor Claudio Amalio de Souza, do Expoente.
No sábado, candidatos reclamaram da dificuldade das provas de Física e Química, que exigiam conhecimento de fórmulas. Aspirante a uma vaga no curso de Enfermagem da Federal, Cristine Mendes, 18 anos, avaliou a prova como mais difícil do que a do ano passado. "Física estava complicada, cobraram geradores, voltagem." A reclamação foi confirmada pelo professor Jorge Manika, do Dom Bosco. "Se tomarmos como padrão as edições dos anos anteriores, esta foi a prova mais difícil na área de Física."
O professor Wilmar Martins, do Dom Bosco, avaliou a prova de Biologia como "bastante exigente", próxima ao que se cobra nos vestibulares. Para Julio Cezar Siqueira, do Curso Acesso, apesar de bem elaboradas, as questões de História não fizeram referência a acontecimentos mais recentes. "Faltou perguntar algo sobre o século 20 e 21." Já a prova de Filosofia trouxe como novidade o pensamento de Foucault, nunca cobrado em edições do Enem.
No Twitter
Durante os dois dias de provas do Enem, 36 inscritos foram desclassificados por postarem imagens do exame em redes sociais, sendo 12 na avaliação de ontem e 24 nas provas de sábado. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante informou que o número ainda pode crescer porque o sistema de monitoramento continua. A eliminação pode ocorrer a qualquer tempo, de acordo com as normas do exame. Segundo o ministro, foram avaliados cerca de 2 milhões de contas no Twitter. No ano passado, 65 candidatos foram eliminados por postarem fotos na rede social.
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