Todo mundo sabe: o coração do brasileiro pula no peito a cada bola na trave, cobrança de pênalti e gol feito durante os jogos da seleção brasileira na Copa do Mundo. Mas é possível que o famoso bordão futebolístico "haja coração!" contenha mais verdade do que se imagina e o futebol exija bastante do coração do torcedor. Pelo menos, é essa a constatação da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), que tem monitorado 6 mil torcedores com problemas cardíacos durante o Mundial.
O objetivo do acompanhamento, realizado em parceria com o Instituto Dante Pazzanese (IDP) em nove hospitais, é observar como os torcedores se comportam antes, durante e depois das partidas do Brasil no torneio e analisar o funcionamento de seus corações. No Paraná, participam do estudo hospitais de Curitiba e Londrina, onde a pesquisa registrou um caso de enfarte durante o jogo entre Brasil e Camarões.
Não é a primeira vez que o levantamento é realizado. Durante o Mundial de 2010, na África do Sul, os cardiologistas Álvaro Avezum, do IDP, e Nabil Ghorayeb, da SBC, monitoraram 5 mil torcedores e descobriram que, quando o Brasil foi eliminado pela Holanda, o número de atendimentos nos prontos-socorros aumentou em 28%.
O fenômeno já é conhecido pela comunidade médica: estudos comprovam que eventos como tragédias climáticas e derrotas esportivas têm grande impacto sobre o emocional das pessoas. De acordo com Ghorayeb, o nervosismo e a ansiedade provocados por essas situações-limite liberam hormônios como a adrenalina e podem desencadear crises de pressão alta, arritmia, angina no peito, palpitações, desmaio, tonturas, enfarte do miocárdio e parada cardíaca.
Na Copa do Brasil, até o momento, foram registradas três mortes por enfarte em decorrência do jogo da seleção brasileira contra o Chile, dia 28 de junho, pelas oitavas de final. Os casos ocorreram em Minas Gerais, Bahia e Pernambuco.