A enfermeira espanhola que foi a primeira pessoa contaminada pelo Ebola na Europa afirmou nesta quarta-feira (8) que pode ter se infectado ao tocar o rosto com as luvas da roupa de proteção depois de ter atendido um religioso com a doença e repatriado da África, disse um dos médicos.
A enfermeira afirmou a seu médico que possivelmente contraiu o vírus ao retirar a roupa especial depois de atender pela primeira vez o religioso Manuel García Viejo, morto dia 25 de setembro.
"O que (ela) me transmitiu é que são as luvas, com as luvas toca a cara, parece ser que é isso que ela lembra e me disse em três ocasiões", afirmou o médico Germán Ramírez a jornalistas no Hospital Carlos 3º de Madri, onde a paciente está isolada e recebendo tratamento.
Autoridades sanitárias da Espanha tentam saber como a enfermeira contraiu o vírus, uma profissional experiente que tratou duas vezes de García Viejo.
O hospital insiste que havia sempre alguém supervisionado a colocação da roupa especial para verificar um possível descuido da enfermeira.
O primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, pediu nesta quarta que a população se tranquilize e que deixe os profissionais de saúde trabalharem. A declaração foi feita depois de mais uma enfermeira ter sido internada por precaução após a contaminação da colega com o Ebola.
As autoridades confirmaram nesta quarta que uma enfermeira que também trabalhou atendendo dois religiosos falecidos está em observação no Hospital Carlos 3º de Madri depois de apresentar uma febre persistente.
O premiê, em suas primeiras declarações desde que tomou conhecimento do caso de contágio do vírus, pediu confiança nos responsáveis pela saúde e prometeu "transparência total" na hora de oferecer informação à opinião pública.
"Neste momento o que temos que fazer é estar atentos e manter a tranquilidade", disse Rajoy durante uma sessão no Congresso em resposta à interpelação do líder socialista, Pedro Sánchez.
Rajoy afirmou que foi criado um comitê de acompanhamento para garantir a coordenação entre os responsáveis da comunidade autônoma de Madri, do governo federal e das instituições europeias, com as quais disse falar todos os dias.
"Peço que deixem os profissionais de saúde trabalharem, que confiemos neles, têm um prestígio merecido. A saúde espanhola é uma das melhores do mundo", declarou o chefe de governo.
Os dois religiosos espanhóis contraíram o Ebola no oeste da África, foram repatriados em agosto e setembro e faleceram no hospital Carlos 3º.
A Espanha se tornou o centro das atenções da comunidade médica internacional desde a confirmação do primeiro contágio do vírus do Ebola fora do oeste africano.