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Mobilidade

Engarrafamentos afetam sete em cada dez pessoas

Rua Ubaldino do Amaral, em Curitiba: 21,9% dos entrevistados afirmam passar por congestionamentos mais de uma vez por dia, no Sul do país | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Rua Ubaldino do Amaral, em Curitiba: 21,9% dos entrevistados afirmam passar por congestionamentos mais de uma vez por dia, no Sul do país (Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo)
Veja os principais resultados da pesquisa sobre mobilidade urbana divulgada pelo Ipea |

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Veja os principais resultados da pesquisa sobre mobilidade urbana divulgada pelo Ipea

Quase sete em cada dez pessoas sofrem com congestionamentos no país. É o que mostra a pesquisa Sistema de Indicadores de Percepção Social: Mobilidade Urbana, divulgada ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). No total, 66,6% dos entrevistados dizem enfrentar congestionamentos ao menos uma vez por mês. A maior parte (20,5%) passa por congestionamentos mais de uma vez por dia e 16%, uma vez por dia. No Sul, 21,9% afirmam sofrer com congestionamentos mais de uma vez por dia e 14%, uma vez ao dia – o índice só é inferior ao da Região Norte, com 26,2% e 19,7%, respectivamente.

Esse resultado está ligado diretamente ao aumento da frota de veículos no país. O levantamento mostra que no Brasil, de 2000 a 2010, a frota de veículos cresceu 90,9% a mais que a população – só as motocicletas apresentaram um aumento de 242,2%. No ano 2000 havia um carro para 8,5 pessoas. No ano passado, o dado apontava um automóvel para 5,2 pessoas.

Justamente por isso que, de acordo com os entrevistados pela pesquisa, rapidez é sinônimo de um bom meio de transporte. Pre­­ço e conforto vêm em segundo plano. Entre os entrevistados da Região Sul, um bom transporte tem de ser rápido (31,2%), ter disponível mais de uma forma de se deslocar (18,3%) e sair num horário adequado à necessidade do usuário (11,5%). Somente 8,5% frisaram a necessidade de ser barato e 7,8% de ser confortável.

A pesquisa mostrou, ainda, entre os entrevistados da Região Sul, que 32% não passariam a utilizar transporte público sob nenhuma condição, mas 22% trocariam se fosse mais rápido, 11% se estivesse disponível e 8% se houvesse mais opções de horários.

Para o professor do Departa­­mento de Transportes da Univer­­sidade Federal do Paraná (UFPR) Garrone Reck, a pesquisa mostra a importância de se adequar a oferta à demanda. "Mais do que o ônibus estar cheio ou vazio é importante que ele não demore muito. Falar em rapidez é falar em cobertura espacial, frequência e velocidade operacional", explica. "Mesmo nos países desenvolvidos, nos horários de pico o transporte tem uma lotação, mas, claro, num nível aceitável", diz.

Para Reck, aqueles que ficam parados em congestionamentos diariamente nas grandes cidades brasileiras são sérios candidatos a migrarem para o transporte público. Mas, para isso, é necessário que o transporte público seja mais rápido e eficiente, já que, além do perdido na própria operação, o usuário gasta tempo também para se deslocar até o ponto e para esperar o ônibus. "Os ônibus têm de estar livre de fluxo, de tráfego, ter faixa preferencial", diz.

Para o presidente do Ipea, Mar cio Pochmann, o país deveria dar ênfase ao transporte pú­­blico. "Em países desenvolvidos o principal meio de transporte é o coletivo. Isso pressupõe investimentos em infraestrutura de grande magnitude e uma articulação do setor público com o privado, porque, sem esse es­­forço, vamos ter cidades com maior quantidade de automóveis, congestionamentos mais amplos do que já temos, maior perda de produtividade e maior tempo da vida comprometido no deslocamento.’’

Avaliação

O estudo indica que 19,8% da população acha o transporte público muito ruim, 19,2% consideram ruim, 31,3% regular, 26,1% bom e 2,9% muito bom. Na Região Sul, estão os mais satisfeitos com o transporte público: 44,9% o consideram bom ou muito bom e 23,5% o acham ruim ou muito ruim. Já na Região Sudeste encontram-se as opiniões mais negativas: apenas 24,5% o veem como bom ou muito bom e 45,9% o consideram ruim ou muito ruim.

O estudo aponta que, quanto mais escolarizada é a pessoa, mais crítica ela se torna em relação ao transporte público. Ele é bom ou muito bom para 34,9% das pessoas com até a quarta série do ensino fundamental – 22,5% o acham ruim ou muito ruim. Já entre os quem têm ensino superior incompleto, completo ou pós-graduação, 20,1% o consideram bom ou muito bom e 36,9% o acham ruim ou muito ruim.

A pesquisa do Ipea ouviu 2.770 pessoas em todos os estados do país e utilizou a técnica de amostragem por cotas, a fim de garantir proporcionalidade no que diz respeito à população. A margem máxima de erro por região é de 5%.

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