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Enquanto sonham com o início das obras de engorda, os matinhenses convivem com os estragos causados pela ressaca | Jonathan Campos/ Gazeta do Povo
Enquanto sonham com o início das obras de engorda, os matinhenses convivem com os estragos causados pela ressaca| Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo

Discussão

Viabilidade é questionada

Apesar da aprovação do projeto em audiência pública, moradores que participam das discussões da engorda há anos não acreditam na viabilidade da proposta de retirar areia do fundo do mar para aumentar a orla. O aposentado Tadeu Gliszczynsky, de 74 anos, acompanhou a engorda da Praia Mansa, em Caiobá, há mais de 30 anos. Segundo ele, será preciso fazer um projeto que ajude o mar a repor a areia perdida e que não agrida a natureza. Em 1977, a erosão já havia destruído boa parte da Praia Mansa. O projeto utilizado para a recuperação previa, entre outras ações, a construção de gabiões na orla. Gabião é uma estrutura flexível feita de tela de aço galvanizado e preenchida com pedras, que dissipa a energia das ondas e faz com que o mar chegue mais calmo à areia. Para Carlos Dalberto Freire, da Associação Comercial e Empresarial de Matinhos (Acima), um projeto de orla bem-sucedido demora mais de 30 anos para provar sua eficácia. "Esse é o caso da Praia Mansa, um bom exemplo a ser seguido", acredita Freire.

Após duas décadas e muitas promessas de que o projeto de engorda da praia de Matinhos seria concretizado, enfim, em 2012, moradores e comerciantes da cidade vivem o total descrédito com relação à obra, que deveria estar a pleno vapor. Enquanto esperam, os comerciantes observam a constante diminuição do número de turistas e o aumento dos prejuízos a cada temporada.Carlos Dalberto Freire, presidente do conselho superior da Associação Comercial e Indus­­trial de Matinhos (Acima), foi um dos precursores da discussão sobre a urgência de um projeto para a recuperação da orla, danificada ao longo de anos por processos de erosão. Dono de um restaurante na cidade, Freire lamenta a situação e critica o que considera um descaso dos sucessivos governos do estado com o litoral. "Infelizmente não temos como concorrer com as praias catarinenses, pois elas recebem investimentos altos do governo local."

Paisagem modificada

O processo de erosão destruiu boa parte da orla de Mati­nhos e modificou drasticamente a paisagem. O matinhense Pedro José Rosa, de 47 anos, lembra do tempo em que até mesmo um campo de futebol existia na areia da Praia Brava, um dos locais afetados.

O projeto da engorda da orla de Matinhos prevê a retirada de 1,3 milhão de metros cúbicos de areia do fundo do mar para aumentar 50 metros na faixa de areia da Praia Brava, em Caiobá, até o Balneário Flórida. A obra foi estimada em R$ 22 milhões. Desse valor, R$ 11 milhões foram liberados pelo governo federal por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A outra metade dos recursos é responsabilidade do governo do estado.

Adiamento

Após ser aprovado em audiência pública, em junho de 2010, o projeto aguardou a licença ambiental, concedida no mesmo mês pelo Instituto Ambien­tal do Paraná (IAP). O próximo passo seria a abertura do processo de licitação para a escolha da empresa responsável pelas obras. A previsão para o começo dos trabalhos era novembro de 2010 e a conclusão estava programada para 2012, mas nem ao menos o processo licitátorio foi realizado.

A prefeitura municipal de Matinhos afirmou apenas que o projeto continua em andamento. A assessoria de imprensa da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e do Paranacidade disse que o projeto está sendo reavaliado por técnicos, sobretudo com relação aos custos e à eficácia. O governo só vai se pronunciar após o término da revisão total do projeto, também sem data definida.

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