O projeto de engorda da orla de Matinhos, no litoral do Paraná, venceu mais uma etapa com a aprovação do Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima) pela população em audiência pública na última segunda-feira. A ampliação da faixa de areia para conter o avanço do mar é uma reivindicação antiga de moradores e comerciantes, e está sendo discutida há pelo menos 20 anos. A cobrança aumentou depois que o dinheiro para a obra foi disponibilizado: R$ 22 milhões já foram empenhados, sendo R$ 11 milhões vindos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, e R$ 11 milhões do governo do estado. No entanto, a obra não deve ficar pronta antes de 2012.
Segundo o secretário de estado do Meio Ambiente, Jorge Augusto Callado Afonso, após a aprovação do projeto, o próximo passo é obter a licença ambiental do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), que deve sair em 15 dias, e então iniciar o processo licitatório para escolher a empresa que tocará as obras. A previsão é começar a primeira fase do projeto a retirada de 1,3 milhão de metros cúbicos de areia do fundo do mar ainda em novembro. O secretário garante que as obras não afetarão os banhistas. "Serão realizadas em alto-mar e não refletirão na orla." Somente essa fase do projeto levará quatro meses. Se tudo correr como o planejado, a primeira fase ficará pronta em março de 2011.
Após a dragagem, será iniciada a engorda propriamente dita, o que levará, segundo o autor do EIA/Rima da engorda, o geólogo e professor da UFPR Rodolfo Angulo, cerca de quatro meses até setembro do ano que vem. Após isso, ainda há o projeto de revitalização da orla, que levará mais seis meses e provavelmente terá de ser transferido para 2012 ou então coincidirá com a temporada do ano que vem. "Não creio que seja possível terminar tudo para a temporada de 2011. Não dará tempo."
Areia
Após a conclusão do estudo, ficou definido que a areia que alimentará a engorda virá do oceano, de um local conhecido como "plataforma interna", a seis quilômetros da costa. Será utilizado um total de 1,3 milhão de metros cúbicos, que aumentará a faixa de areia em 50 metros, numa extensão de 13 km, de Caiobá (ao lado do Morro do Boi) ao balneário Flórida. De acordo com Angulo, a técnica é a que menos interfere na dinâmica do sistema costeiro, pois a areia usada virá do fundo do mar, ou seja, é uma areia sedimentada, que não se movimenta e está fora do sistema praial. "O impacto acontece quando você tira areia de uma praia para colocar em outra, mexendo com a dinâmica daquela praia que perdeu a areia. Nesse caso, a areia que será usada vem de uma região que está fora desse contexto", explica.
Depois de concluída a engorda, o desafio será a manutenção. Angulo explica que é complicado falar em números, pois a engorda pode durar de 5 a 10 anos. Nesse caso, a melhor solução é realizar um monitoramento constante da obra para entender a velocidade de erosão da praia após a engorda. "Um mês após a conclusão, deve ser feita uma medição da orla como forma de monitorar a perda de sedimentos, e, após isso, repetir o teste a cada três meses. O monitoramento não é custoso e leva cerca de três dias", diz.