O ministro Cristiano Zanin, recém-chegado ao Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu o concurso da Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF), por medida cautelar, por estar previsto no edital uma cota, limitando 10% das vagas a serem destinadas a candidatas mulheres.
Para Zanin, “o percentual de 10% reservado às candidatas do sexo feminino parece afrontar os ditames constitucionais quanto à igualdade de gênero”. O pedido da suspensão foi feito pelo Partido dos Trabalhadores, que defende a entrada de 988 mulheres nas vagas sobrantes de homens que não preencheram a pontuação mínima para classificação.
>> Faça parte do canal de Vida e Cidadania no Telegram
Mas o que parece ser uma decisão que privilegia as mulheres, na verdade, pode colocá-las em risco. Deixando um pouco de lado a questão da igualdade de gênero, alguns dados podem ajudar na tentativa de traçar o perfil de um criminoso no Brasil.
Para isso, basta olhar para a população carcerária do país. Das mais de 830 mil pessoas presas, 94,5% são homens. Sendo a maior parte (43,1%) jovens até 29 anos. Esses são os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2022.
O documento também mostra que 90% das vítimas de mortes violentas, seja por latrocínio (roubo seguido de morte), homicídio doloso (quando há intenção de matar), lesão corporal seguida de morte e morte por intervenção policial também são homens. Esse é o criminoso que a mulher que se tornar policial vai encontrar na rua.
“Em uma possibilidade de confronto entre criminosos que são homens e policiais que são mulheres, haverá uma situação de desigualdade. A partir daí é possível observar que a paridade entre homens e mulheres dentro da polícia militar não é possível justamente pela realidade que nós vivenciamos”, explica o especialista em segurança pública e policial militar aposentado, Dequex Júnior.
“A situação exige uma diferenciação. Não é uma questão de misoginia, como pregam. Mas uma questão de racionalidade e razoabilidade. O que tem que se analisar é quem é que a polícia vai enfrentar no combate criminal”, complementa.
Para especialista, alguns estados podem aumentar o percentual de mulheres na PM
Em contrapartida, Dequex acredita que alguns estados brasileiros, que possuem índices de criminalidades menores, teriam a capacidade de aumentar a cota de mulheres dentro da Polícia Militar.
Não há dúvidas que a presença de mulheres traz diversas contribuições em quase todos os ambientes profissionais. Mas algumas áreas específicas exigem um desempenho físico, o que acabam tornando algumas atividades exclusivamente masculinas.
“Na polícia civil, por exemplo, a igualdade de divisão de cargos entre homens e mulheres não traria grandes problemas, pela própria natureza da atividade policial. No caso da polícia militar, que exerce atividade de trabalho ostensivo, é diferente. Há a necessidade de um maior número de homens em relação a mulheres”, compara Dequex.
Nos últimos editais abertos para ingressar no Corpo de Bombeiros Militares do Distrito Federal (CBMDF), não houve definições de cotas para mulheres. A falta de limitação permitiu a entrada de muitas mulheres na instituição. Os comentários nos corredores é que isso tem gerado um problema dentro de equipes destinadas a trabalhos que exigem mais esforço físico, como queimadas e acidentes mais graves. Por outro lado, este ano, pela primeira vez, uma mulher assumiu o comando do CBMDF.
"A força física é um diferencial", afirma policial militar
A Gazeta do Povo conversou com um policial militar que preferiu não se identificar. Segundo ele, a cota para mulheres deveria continuar. O policial acredita que as mulheres policiais são muito habilidosas na área administrativa e também em algumas ocorrências na rua. Ao mesmo tempo, considera que várias situações vividas dentro da polícia seriam ainda mais arriscadas se enfrentadas por policiais mulheres.
“A mulher é capaz de realizar praticamente todas as coisas que um homem também realizaria, não há dúvidas. Na rua, ela vai saber lidar, conduzir para uma delegacia ou até mediar e conciliar, o que é muito próprio da Polícia Militar. Agora, uma situação de Maria da Penha ou um flagrante, onde o homem está agredindo a mulher, está sob efeito de drogas ou de álcool, a força física é um diferencial”, comenta o policial.
Para ele, tanto a corporação quanto as próprias policiais acabando tendo mais interesse em atuar em serviços mais burocráticos. “Dentro da Polícia Militar há uma infinidade de atividades. Desde o trabalho como turismo até adestramento de cães, só que a atividade principal é ser policial militar, né? No turismo ou no BOPE, você é policial militar, se precisar abordar, prender, correr, tem que estar preparado”, pontua.
Sob pressão do mercado e enfraquecido no governo, Haddad atravessa seu pior momento
Premiê de Assad concorda em entregar poder a rebeldes da Síria
EUA alertam que Estado Islâmico pode tentar “tirar vantagem” da situação na Síria
Segurança pública de São Paulo enaltece recorde histórico de redução de crimes
Soraya Thronicke quer regulamentação do cigarro eletrônico; Girão e Malta criticam
Relator defende reforma do Código Civil em temas de família e propriedade
Dia das Mães foi criado em homenagem a mulher que lutou contra a mortalidade infantil; conheça a origem
Rotina de mães que permanecem em casa com seus filhos é igualmente desafiadora