Quatro ações tramitam no STF para suspender leis estaduais que regulamentaram as escolas cívico-militares.| Foto: Beatriz Góes/Seed-PR
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As escolas cívico-militares que se tornaram uma das principais políticas públicas de educação do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) podem ser encerradas de vez dependendo de como o Supremo Tribunal Federal (STF) entender os argumentos apresentados pelos seus críticos.

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São, pelo menos, quatro processos em tramitação na mais alta Corte do país questionando este modelo de ensino, um movimento formado basicamente por partidos e entidades de esquerda que buscam derrubar leis de estados como Paraná, São Paulo e Rio Grande do Sul que instituíram e regulamentaram a implantação destas escolas.

Qual a sua opinião sobre este movimento da esquerda para acabar com as escolas cívico-militares no país? Participe da enquete da Gazeta do Povo abaixo:

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As ações foram movidas pelo PT, PSOL, PCdoB e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), todos críticos do modelo de ensino impulsionado durante o governo Bolsonaro. As escolas cívico-militares ganharam popularidade nos últimos anos, com apoio de famílias, governadores e prefeitos, especialmente em regiões com altos índices de violência escolar.

A proposta deste modelo de ensino, defendida por setores conservadores, é combater a indisciplina e a violência no ambiente escolar, que afetam diretamente a qualidade do ensino público. O Paraná, um dos pioneiros na implementação dessas escolas, mostrou resultados positivos no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), liderando o ranking no ensino médio e conta com diversas instituições cívico-militares entre as escolas com as melhores notas do país.

Mesmo com os resultados favoráveis, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) encerrou o programa federal de apoio às escolas cívico-militares, criado em 2019 por Bolsonaro. Em resposta, 19 governadores decidiram manter o modelo em seus estados por meio de legislações próprias.

São Paulo, sob o comando de Tarcísio de Freitas (Republicanos), aprovou uma lei que regulamenta essas escolas, com apoio da Assembleia Legislativa. O Rio Grande do Sul, governado por Eduardo Leite (PSDB), e o Paraná, liderado por Ratinho Júnior (PSD), também seguiram o mesmo caminho, atualizando suas leis.

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As ações no STF receberam forte apoio de 26 órgãos e entidades, incluindo ONGs, associações e o próprio governo federal, com pareceres da Advocacia-Geral da União (AGU) e do Ministério da Educação (MEC). Essas entidades apontam supostas inconstitucionalidades nas leis estaduais e criticam o modelo de escolas cívico-militares.

Se o STF considerar as leis estaduais inconstitucionais, o impacto pode ser significativo, levando ao fechamento das escolas cívico-militares em todo o país. Isso poderia ocorrer caso os partidos contrários ao modelo acionem o tribunal para questionar cada uma das legislações estaduais.

Diante da relevância do tema e da disparidade de apoio entre os críticos e os defensores, o ministro Gilmar Mendes – relator da ação contra a lei de São Paulo – decidiu convocar uma audiência pública, marcada para o dia 22 de outubro. O objetivo é reunir dados e ouvir os diversos lados do debate antes de o STF tomar uma decisão final.

Gilmar Mendes explicou que a audiência servirá para discutir aspectos técnicos e pedagógicos das escolas cívico-militares, além de avaliar o impacto financeiro e orçamentário da implementação desse modelo.

“A coleta de dados e argumentos tecnicamente qualificados e especializados permitirá que esta Corte se debruce com maior segurança sobre os fatos”, escreveu o ministro no despacho.

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