O crescimento no número de matrículas e instituições privadas de ensino superior foi significativamente maior no Paraná do que a média do restante do Brasil. No período entre 1991 e 2004, o estado teve um incremento de 412% de novas unidades, contra 267% no Brasil. Já os alunos matriculados aumentaram 603% no período, quase o dobro dos 311% da média nacional.
Os dados são do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), vinculado ao Ministério da Educação. Eles fazem parte da publicação Educação Superior Brasileira 1991-2004, lançada na semana passada em Curitiba, durante o XIII Seminário do Projeto Universitas, que reuniu especialistas do setor na Universidade Federal do Paraná (UFPR). O raio X da educação superior tem como base dados do Censo da Educação Superior e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).
O estudo ainda mostra que o "boom" do setor privado foi bem maior que o da rede pública paranaense, cujas matrículas nas universidades e faculdades mantidas pelo governo estadual e federal cresceram 152,6%. Já o número de instituições públicas caiu de 29 para 22, entre 1991 e 2004.
O crescimento das particulares ocorreu principalmente depois de 1996, após a criação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). A professora do setor de Educação da UFPR Regina Maria Michelotto que participou do grupo de análise dos dados ressalta que a expansão do setor deveu-se a uma política de estímulo ao setor privado estabelecida pelo governo de Fernando Henrique e que se manteve com Lula. "As políticas públicas incentivaram a criação das instituições superiores mercantis", diz.
Qualidade
A pesquisadora cita como exemplo do estímulo "mercantilista" o Programa Universidade para Todos (Prouni), que prevê a concessão de bolsas de estudo em troca de isenção de impostos. "Na maioria das vezes, as vagas estão nas mercantis com baixa qualidade de ensino", afirma Regina. Valdemar Sguissardi, professor titular da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep), que participou do plano de educação para a campanha de Lula em 2002, também critica as políticas públicas adotadas pelos últimos governos. "O Prouni não estava no programa. Abrir essas vagas nas universidades públicas seria barato", diz.
Regina lembra que instituições particulares sérias (e boas) dividem espaço com outras menos preocupadas com educação. "Essas últimas estão crescendo muito." A tendência, ressalta a pesquisadora, pode ser observada pela multiplicação de instituições não-universitárias (como centros universitários, faculdades integradas, faculdades, escolas e institutos superiores) que não são obrigadas a investir em produção científica. Esse modelo cresceu 213% no Paraná entre 1991 e 2004, contra 172,4% das "tradicionais".
O professor Sguissardi, por sua vez, acredita que a baixa qualidade do ensino também está ligada investimento insuficiente em educação em vários governos sucessivos. "Deveria haver muito mais investimento."
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