Mesmo que as ações da Associação Médica do Paraná e da União Geral dos Trabalhadores na Justiça resultem na liberação da vacina contra a gripe para todos os paranaenses, nem todos serão vacinados: são 3,1 milhões de doses (sem considerar perdas) enviadas pelo Ministério da Saúde para aproximadamente 11 milhões de paranaenses. Segundo a Secretaria do Estado da Saúde (Sesa), porém, o volume é suficiente para atender as cerca de 2,9 milhões de pessoas que fazem parte dos chamados “grupos prioritários”.
Ao todo, o Ministério encomendou 49 milhões de doses do Instituto Butantã e 5 milhões de doses do laboratório Sanofi Pasteur, as quais foram divididas entre os estados de acordo com a demanda, considerando os grupos prioritários. Devido ao processo de produção (ver abaixo), só existe a possibilidade de novas aquisições de vacina se algum laboratório tiver estoque remanescente, mas, como a produção é geralmente atrelada aos pedidos, esse não deve ser o caso.
Prevenção
Não é só a imunização que ajuda a prevenir a gripe: etiqueta respiratória (cobrir boca e nariz com o cotovelo ao espirrar e tossir), higienização das mãos e manutenção dos ambientes ventilados também contribuem para evitar a transmissão do vírus.
Quem está doente, além de procurar atendimento, deve usar máscara se for necessário sair de casa para não transmitir gripe para outras pessoas.
Conforme o Ministério da Saúde, que segue recomendação da Organização Mundial da Saúde, são priorizados os grupos mais suscetíveis ao agravamento de doenças respiratórias, identificados por meio de estudos epidemiológicos e pela observação do comportamento das infecções respiratórias.
Segundo a infectologista do Hospital Marcelino Champagnat Viviane Dias, o objetivo é proteger aqueles que têm mais chances de desenvolver casos graves da gripe, o que resulta em internamentos e até em mortes, tais como as crianças, os idosos e doentes crônicos. “Você pode ter acometimentos de gripe nas outras faixas etárias, mas é uma situação em que ela vai ficar doente, vai ser tratada e vai ficar bem. Nos prioritários é maior a chance de complicar”, explica.
Também são grupos “de risco” aqueles que podem gerar um surto, como a população carcerária, que vive enclausurada, e os profissionais da saúde, responsáveis por tratar a população doente.
A recomendação da médica para quem está fora dos grupos prioritários é se imunizar na rede privada, investir nos cuidados para a prevenção e ficar atento aos sintomas da doença. “Não há restrição para receber o tratamento da gripe e, quanto antes a pessoa procurar atendimento, melhor, porque a ação da medicação é melhor quando ela é iniciada até 36 horas após o início dos sintomas”, afirma a infectologista. Um sinal de alerta, segundo ela, é a dificuldade para respirar aliada aos sintomas de gripe.
Processo lento de produção
O processo de renovação anual e produção das vacinas também contribui para que nem toda a população possa ser atendida. “Existe um sistema de vigilância mundial dos principais vírus circulantes. A cada ano, os dados são encaminhados para a OMS e aí se define quais cepas vão fazer parte da vacina”, explica Viviane. Com isso, novas vacinas precisam ser produzidas todos os anos e os laboratórios baseiam suas produções na demanda de anos anteriores.
Além disso, de acordo com o Ministério da Saúde, a produção das vacinas é demorada. Ela começa em setembro, com a definição das cepas, e termina em março, o que impede a produção de novas remessas para o mesmo ano.
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