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O conclave de cardeais do Senado que discutia, na presença de Renan Calheiros (PMDB-AL), o futuro do Conselho de Ética tinha um olho no presidente da Casa e outro no cenário de sua eventual substituição. Abatido e visivelmente ansioso diante da indefinição de nomes para tocar à frente seu processo, Renan tentava a todo momento interferir na negociação. A súbita concordância de PSDB e de setores do PT em uma solução que preservasse alguma dignidade do Conselho, sem compromisso prévio de salvar Renan, pegou de surpresa o PMDB, que vetou a dupla Arthur Virgílio-Aloízio Mercadante. Isolada, a sigla de Renan ainda insistia ontem à noite em tentar emplacar no comando do órgão figuras como Almeida Lima (SE).

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Paredão – Jarbas Vasconcelos tenta articular uma comissão de "notáveis" do Senado para levar ao gabinete do presidente uma carta conclamando-o a deixar o cargo.

Eu não – Quando lhe perguntam se aceitaria suceder Renan, Jarbas é sintético: "O presidente do Congresso tem de ter bom diálogo com o governo, e eu não tenho".

Delete 1 – Depois de Arthur Virgílio, outros senadores receberam ontem bilhetes de Renan, que chamava emissários à Mesa Diretora para distribuir as mensagens. No plenário, elas eram lidas em grupo e rasgadas logo em seguida.

Delete 2 – Renan aderiu aos bilhetes diante do temor de sua assessoria de que o "Fantástico" recorresse à leitura labial, como na Copa, para decifrar conchavos no plenário.

Antes e depois – Em meio ao pandemônio para encontrar um presidente e um relator para o Conselho de Ética, os senadores ainda acharam tempo para brincar. Rodou de mão em mão no plenário uma pasta de fotos de Wellington Salgado (PMDB-MG) com o atual visual, de madeixas longas e revoltas, e no passado, com os cabelos curtos.

Janela – Renan arrisca-se a ouvir poucas e boas dos deputados que vêm pedindo seu afastamento caso presida as sessões do Congresso que tratarão da LDO. E não há recesso até que ela seja votada.

Tem mais – O corregedor Romeu Tuma (DEM-SP) jogou duro em suas primeiras declarações sobre o caso Joaquim Roriz (PMDB-DF) por saber de antemão que a encrenca não vai parar na revelação da conversa em que o ex-governador parece negociar a partilha de R$ 2,2 mi.

Temático – Para o protesto de hoje, em frente ao Congresso, contra os vários escândalos de cunho "pecuarista" que assolam o Legislativo, o PSol programou um espetáculo ao som da música "Boi voador não pode", de Chico Buarque e Ruy Guerra.

Incômodo – Os ataques de governistas contra o suíço Christoph Gilgen, que desancou o controle aéreo brasileiro, já rendeu apelido ao perito. "É a Fernanda Karina da CPI do Apagão", compara Gustavo Fruet (PSDB-PR).

Nada feito – Em reunião da bancada do PT antes da discussão da reforma política no plenário da Câmara, Ricardo Berzoini (SP) avisou que a direção do partido não endossaria acordo para emplacar a lista mista porque essa proposta permitiria o financiamento privado de campanhas.

Na pressão – O PT criou o "Observatório do PAC" em SP, que reunirá ONGs, movimentos sociais e a bancada do partido na Assembléia para monitorar a execução dos gastos federais no estado governado pelo tucano José Serra.

Olha a cobra! – O governador Wellington Dias (PT) planejava aproveitar os festejos juninos no fim de semana em São João do Piauí, onde iria pernoitar. Mas a fila de prefeitos da região cobrando promessas de campanha era tão grande que ele desistiu.

TIROTEIO

* Do deputado Eduardo Sciarra (DEM-PR) sobre o presidente do Senado, que reclamou da "imprensa opressiva" em bilhete endereçado ao colega Arthur Virgílio (PSDB-AM).

– Com tanto boi voador por aí, Renan esperava o quê? Uma imprensa "compreensiva"?

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