Réquiem a Miguel
A professora da UFPR Araci Asinelli da Luz, amiga da família, fez um poema em homenagem a Miguel:
Araci Asinelli da Luz
Procurei um coração
Para dar a um menino
Podia ser grande ou pequenino
Sonhei em lhe dar uma morada
Onde pudesse bater devagarzinho.
Procurei um coração
De sangue azul ou vermelhinho
Para seu novo dono poder correr, brincar, pular,
Poder crescer como um menino.
Procurei um coração
Pois o seu estava fraquinho
Na vida aprendeu a dor,
Com o novo ia se encher de amor.
Procurei um coração
Ia emprestar-lhe um corpo
E lhe dar nome de Anjo
Para manter asas perenes
Para abraçar a avó Marlene.
Procurei um coração
Mas não o encontrei a tempo
Não faz mal,
Miguel é o tal!
Quem sabe alguém pode ajudar
A alegria de cuidar de sua família
Morar decente
Cuidar de gente,
Como é bom acreditar nesse presente.
Procurei um coração
Pra bater forte e ritmado
Tum, tum, tum,
Muito obrigado.
Chegou a hora, agora
De cansaço,
O menino foi embora.
Quanto custa um coração?
O enterro de Miguel Gutbier mobilizou dezenas de pessoas na tarde de ontem, em Araucária. O velório reuniu a família, amigos, vizinhos, professores e funcionários da escola. Pessoas desconhecidas que haviam se emocionado com o caso do menino também prestaram homenagem e ofereceram apoio.
Muito emocionada, toda família estava presente e a irmã mais velha de Miguel, Gisele, de 11 anos, chegou a desmaiar e ficou até o início da noite em observação em uma unidade de saúde. Ela e as duas outras irmãs, Jéssica e Josiane, 10, haviam carregado o pequeno caixão do local onde estava sendo velado o corpo até o carro da funerária.
Segundo a avó das crianças, Marlene de Sousa, todos ainda estavam confusos com o que aconteceu. "A gente ficava triste por um lado, aliviada por ele ter parado de sofrer e revoltada, por não ter conseguido fazer mais nada por ele", diz. Segundo ela, há também uma certa tranquilidade. "Achamos que o Miguel ficou mais confortado. A última coisa que ouviu antes de partir foi sua mãe dizendo que o pai o reconheceria no céu e ficaria com ele", diz.
Nos últimos dias, o caso do menino havia mobilizado muita gente. Notícias sobre doações em dinheiro e material de construção para aquela que seria a nova casa da família chegavam a todo momento. Antes da morte do menino, a prefeitura de Araucária, que havia prometido R$ 7 mil para a família, informou que só pagaria o valor vinte dias após o transplante do menino. Para Araci Asinelli da Luz, dificilmente a família vai receber o auxílio agora. "Eles informaram que depositariam R$ 900 para as despesas com o velório, e não falaram no restante do valor. Mas como conhecemos a situação da família, vamos continuar buscando ajuda onde pudermos", diz Araci. Miguel não era a única criança da família com saúde frágil. As gêmeas também têm problema no coração. E o caçula, de 8 meses, nasceu com uma doença nos ossos.
A casa em que a avó de Miguel vive com os netos deve ser derrubada, e as doações recebidas vão ajudar a construir uma nova. "Ontem muita gente que havia depositado dinheiro na conta da Marlene ligou para avisar que não estava arrependida e que continuaria colaborando", conta Araci.
Representantes do Grupo de Amigos do Miguel também informaram que a busca por materiais de construção e limpeza, roupas e móveis vai continuar. (AC)
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