São Paulo Em um manifesto conjunto divulgado ontem, as entidades que representam os principais meios de comunicação do país, em resposta à onda de violência em São Paulo, afirmam que o crime organizado ameaça a democracia brasileira. Dizem também que a população está se tornando refém do crime.
Após a terceira onda de ataques em São Paulo, a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) seqüestrou um repórter e um técnico da Rede Globo para obrigar a emissora a divulgar um manifesto do grupo. Ambos foram libertados em São Paulo.
O documento é assinado pela Associação Nacional dos Jornais (ANJ), pela Associação Nacional dos Editores de Revistas (Aner) e pelas entidades de rádio e tevê (Abert, Abra e Abratel).
O texto também acusa as autoridades estaduais e federais de descoordenação nos esforços de combate à violência, assim como fizera a Associação Brasileira de Imprensa (ABI).
Nas últimas semanas, um bate-boca em torno da crise envolveu o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, o secretário paulista da Segurança, Saulo de Castro Abreu Filho, o governador Cláudio Lembo (PFL) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Os governos estadual e federal se acusavam mutuamente de falta de cooperação para debelar a crise, iniciada em maio.
As entidades ainda cobram dos candidatos a cargos nas próximas eleições um compromisso de debater "propostas concretas para a segurança.
Procurados, o secretário da Segurança de São Paulo e o ministro da Justiça não comentaram o teor do documento.
Enquanto isso, a polícia investiga se a ordem para o seqüestro da equipe de jornalismo da Rede Globo partiu do presídio de Presidente Wenceslau ou de Presidente Bernardes.
Um dos suspeitos é Júlio César de Moraes, o Julinho Carambola, preso em Presidente Bernardes e um dos chefes do PCC. Outro investigado é o chefe da facção criminosa, Marcos Camacho, o Marcola.
Há também outra versão: a de que o crime, embora com a assinatura da facção, não tenha envolvimento de Marcola. Ainda não há provas concretas dessas suspeitas.
Segundo o delegado Wagner Giudice, chefe da Divisão Anti-Seqüestro (DAS), há pelo menos 20 suspeitos do crime. No entanto, só uma prisão foi feita até agora. Um homem foi detido em Taboão da Serra, na perifeira, porque seria parecido com um dos três retratos-falados feitos por testemunhas do crime. A polícia não soube dizer se o suspeito teve ou não participação no crime. Outro suspeito é um homem conhecido como Fininho, um dos chefes do PCC em São Paulo. Fininho não foi encontrado pela polícia.
Policiais e promotores tentam passar um "pente-fino" no DVD entregue pela facção à Rede Globo e a outra emissora de tevê. Os peritos querem identificar as armas e as dinamites mostradas no filme.
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