A médica Virgínia Helena Soares de Souza, acusada de envolvimento na antecipação da morte de pacientes na Unidade de Terapia Intensivo (UTI) do Hospital Evangélico, em Curitiba, recebeu no último domingo (7) uma visita de solidariedade de duas entidades de representação da categoria. O presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), Geraldo Ferreira, e o presidente licenciado do Sindicato dos Médicos do Paraná (Simepar), Mário Ferrari, encontraram-se com Virgínia no escritório do advogado dela. O encontro foi o primeiro ato de órgãos de representação dos médicos a favor da ex-chefe da UTI geral do Evangélico desde que tornaram-se públicas as denúncias contra ela em fevereiro deste ano. Os representantes frisaram, porém, que não avalizam os procedimentos da médica e esperam a conclusão do caso na Justiça.
Virgínia está entre os oito profissionais de saúde do hospital, denunciados pelo Ministério Público em fevereiro, acusados de estimular o óbito de sete pacientes na UTI geral, entre 2006 e janeiro deste ano. Ela foi posta em liberdade pela Justiça no final de março, a pedido de seu advogado de defesa, Elias Mattar Assad. Desde então, a médica presta esclarecimentos à Justiça uma vez por mês.
"Nós fomos levar essa solidariedade que qualquer pessoa no mundo merece, inclusive por ser uma colega médica. Sem estabelecer qualquer juízo de valor, sem qualquer julgamento. Não nos antecipamos em avaliar seu caso, simplesmente fomos para ouvir sua versão dos fatos", explica Ferrari.
O representante do Simepar diz que o que preocupa as entidades profissionais do país, e serviu de impulso para a reunião, é a imagem que está sendo construída pelos meios de comunicação, tendo como referência a acusada, sobre os profissionais da área e aos procedimentos médicos utilizados nas UTIs.
"Nosso enfoque é levar essa nossa manifestação adiante, após ouvi-la, e tentar tranquilizar os usuários das unidades no sentido de acalmá-los, de mostrar que UTI não é um lugar ruim".
Já o presidente da Fenam afirma que o encontro foi promovido para mostrar que a federação, assim como suas entidades associadas, deseja assegurar que Virgínia tenha seus direitos humanos protegidos, sem sofrer abusos por parte dos órgãos de investigação. Entretanto, ele ressalta que é a favor da Justiça, e que ambos os conselhos não tomam partido no caso.
"Queremos deixar claro que as investigações devem seguir. Se houver o crime, ela deve ser punida com toda severidade que a lei prevê. Não queremos complacência quanto a isso. Se realmente eles tiverem ocorrido, são de uma natureza muito grande, que terá grandes implicações para ela. O que questionamos é: se não ocorreram esses crimes?", questiona Ferreira.