Cascavel A decisão do juiz da 3.ª Vara do Trabalho de Cascavel, Bento Luiz de Azambuja Moreira, de suspender uma audiência porque o trabalhador rural Joanir Pereira compareceu ao tribunal calçando chinelo de dedos teve desdobramentos ontem. O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) do Paraná divulgou nota repudiando a atitude.
O fato aconteceu dia 13 de junho, quando seria realizada uma audiência de conciliação. Para surpresa dos convocados, o magistrado encerrou a sessão rapidamente, registrando que não iria realizá-la pelo fato de o trabalhador estar trajando chinelo de dedos, algo "incompatível com a dignidade do Poder Judiciário". A Ordem dos Advogados do Brasil, seção Paraná (OAB-PR), e a Associação dos Magistrados do Trabalho da 9.ª Região (Amatra-9) também se manifestaram.
Na nota, o TRT afirma que "no Paraná há uma tradição de respeito a todos aqueles que procuram os serviços judiciários trabalhistas". O TRT considera o fato isolado e afirma que o juiz terá de dar explicações à Corregedoria Regional. A nota informa ainda que já há orientação da Corregedoria Regional do Trabalho da 9.ª Região para que o juiz se abstenha de exigir vestuários especiais dos trabalhadores.
O presidente da OAB-PR, Alberto de Paula Machado, considera que, "num país tropical como o Brasil, uma decisão como essa é absurda. Um fato como esse deve entrar para os registros das aberrações jurídicas". O advogado do trabalhador, Marcelo Picolli, pretende entrar com uma ação por danos morais contra o juiz, que até agora tem se recusado a comentar o assunto. (MP)