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Velório

Entre amigos, Telma era “miss ternurinha”

Ainda no tempo do ginásio, Telma Fontoura recebeu a faixa de Miss Ternurinha em um concurso promovido no Colégio São José. Uma homenagem que expressa exatamente como a psicológa tratava amigos e familiares. "A Tetê falava baixinho, era a menor da turma e muito meiga. Aglutinava a tarefa de dar carinho a todos", conta a amiga Mari Schaffer. Telma cultivava suas amizades de infância em reuniões anuais, onde as amigas do antigo São José costumavam colocar o papo em dia. Ontem à tarde, elas estiveram no velório da psicóloga para dar um último adeus. "Sabemos que agora ela está no céu", resume a amiga Elisabet Michelin Bonafini, comovida com a morte brutal de Telma.

Segundo amigos, o silêncio foi o modo que a família encontrou para suportar a dor. "Estamos chocados com este tipo de situação, pois sempre acabamos achando que nunca vai acontecer conosco", afirma a professora e colega de trabalho Ana Beatriz Costa.

Também compareceram ao velório antigos alunos de Telma na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), onde ela dedicou 27 anos de sua carreira. "Era uma professora exigente e exemplar. Não consigo entender uma brutalidade tão grande com uma pessoa que mostrava sempre como fazer o bem para o próximo. Ela estava a todo momento pronta para apoiar os alunos", conta a universitária Patrícia Macedo.

Currículo

Telma formou-se em Psicologia pela PUCPR em 1980 e fez mestrado na Universidade Federal do Paraná. Tinha uma clínica que atendia crianças há 30 anos e dava aulas na PUCPR nos cursos de Psicologia, Enfermagem, Odon­to­logia e Nutrição. "Lá na praia, ela vivia cercada por cachorros. Costumava pagar pela castração deles para ver a praia com menos cães abandonados. Era comprometida com a sociedade", conta a estudante Patrícia, que além de aluna, era vizinha de Telma no balneário de Shangri-lá, onde ela tem casa.

Divorciada havia 15 anos, a psicóloga morava em Curitiba com a única filha. O médico Ivan Fontoura, pai de Telma, é conhecido no litoral, pois prestava atendimento gratuito a uma comunidade carente de Paranaguá. Também trabalhou no Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, mas quando se aposentou decidiu viver no litoral. "Ainda bem que o pai dela é uma pessoa espiritualizada e está conseguindo consolar a família", afirma a amiga Ivana Furiati.

O terreiro de umbanda Pai Maneco, que Telma frequentava havia dois anos, vai prestar uma homenagem a ela no próximo sábado, às 20 horas. "A Telma era alguém que emanava muita luz", afirma a amiga Tânia Westarb, também frequentadora do terreiro. Telma tinha mais uma irmã e outros quatro irmãos.

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