Luis Fernando Verissimo deu o pontapé inicial na Flip| Foto: Divulgação

Como Paraty, embora seja um município fluminense, está no meio do caminho entre os estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, a cidade pulsava em duas frequências na noite de quarta-feira, quando a 10.ª edição de sua Festa Literária Internacional (Flip) foi aberta. Apesar de a litera­­tura estar instalada como rainha absoluta até domingo, quando o evento se encerra, o rei também fazia seu barulho. Desde a rodoviária até o Centro Histórico, e mesmo dentro dos limites da Tenda dos Autores, onde o festival teve início, também se falava muito do Corinthians, que horas mais tarde se tornaria, pela primeira vez na história do time paulistano, campeão da Taça Libertadores da América.

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Para não fugir do clima futebolístico instalado na cidade, coube ao escritor gaúcho Luis Fernando Verissimo dar o pontapé inicial da Flip 2012, fazendo um curto, porém bem-humorado retrospecto da primeira década daquele que é hoje um dos mais prestigiados eventos literários do mundo.

Homenageado

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Com o objetivo de celebrar os 110 anos de nascimento de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), os escritores e ensaístas Antonio Cícero e Silviano Santiago fizeram duas breves palestras sobre o poeta mineiro e sua obra.

Santiago, em vez de apenas exaltar a inegável importância do legado de Drummond, preferiu oferecer aos ouvintes uma análise sóbria e precisa das raízes da obra do poeta de Itabira. As dicotomias, na abordagem de Santiago, sempre foram muito presentes nos escritos do autor. De um lado, o itabirano ocupava-se de descrever a decadência da oligarquia mineira, em constante embate contra a urbanização e o progresso. "Do outro, o otimismo crítico que combatia essa oligarquia, paradoxalmente, onde se situava o clã dos Andrade", disse.