Responsável pela entrega da medicação de mais de 65 mil pacientes do Hospital das Clínicas de São Paulo, o programa Medicamento em Casa vem registrando problemas como atrasos, falta de remédios e itens entregues em dosagens e formulações diferentes das prescritas pelos médicos da unidade. O hospital diz que os casos são pontuais, mas pacientes ouvidos pelo Estado afirmam ter sido vítimas das falhas várias vezes.
No caso da empresária Wanda Moura da Silva, de 65 anos, os repetidos erros fizeram com que ela registrasse, além de reclamação na Ouvidoria do hospital, um boletim de ocorrência. "Em 2013 havia recebido em casa medicamentos de outro paciente, mas apenas avisei o hospital, registrei a reclamação e devolvi a medicação. Só que, no mês passado, recebi três medicamentos que eu tomo em dosagens mais altas. Isso é muito perigoso, por isso registrei o BO", diz Wanda, que é transplantada do rim e tem hepatite B crônica.
Um dos remédios recebidos em composição errada foi a ciclosporina, usada para evitar que ela apresente rejeição ao órgão transplantado. Em vez de 50 mg, enviaram de 100 mg. "E se fosse uma pessoa que não enxerga direito, que não reparasse na embalagem e tomasse o remédio errado por vários dias?", questiona ela, que recebeu ainda os medicamentos atenolol e lamivudina em dosagens incorretas.
Atraso. Outro problema do programa é o atraso na entrega dos medicamentos. Muitos dos pacientes cadastrados dizem que têm de ir mensalmente ao hospital para reclamar da falha ou para retirar os produtos.
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