Entrevista com Luiz Felipe Pondé, filósofo, professor da pós-graduação em Ciências da Religião da PUCSP e colunista do jornal Folha de S.Paulo
O senhor já disse que "o único preconceito aceito pelos inteligentes é o preconceito contra o catolicismo". Como isso se dá na prática?
Quem fez essa pergunta do concurso é um tipo desses "inteligentes": pessoas de repertório médio, que confundem estereótipos da esquerda com história (por culpa dos intelectuais que submetem o ensino à militância), que atuam em suas áreas (psicologia social, ciências sociais, pedagogia) como profetas de um mundo melhor, e muitas vezes alçam postos na determinação de políticas públicas. Neste quadro, é fácil haver preconceito contra a Igreja Católica porque ela é identificada, por ignorantes que são, como a "grande malvada" da história. A própria ideia de que exista uma "malvada" já revela a infantilidade da visão de mundo. É a influência marxista totalitária em ação.
Como foi que minorias conseguiram se impor a ponto de qualquer um pensar duas vezes antes de falar ou publicar algo contra esses grupos?
Filosoficamente, foi graças a Rousseau e sua tese de que os pobres são mais próximos do estado de natureza, menos corruptos, daí a ideia de excluídos como representantes da pureza. Esse traço marca a raiz jacobina da democracia moderna associada ao próprio fracasso do marxismo clássico em questionar o capital por exemplo, tudo que os gays querem é passear de mãos dadas no shopping, comprar juntos e desfilar roupas "chique cabeça" em reunião de pais e mestres; logo, "uma revolução conservadora". Quanto ao medo de enfrentá-los, trata-se da raiz totalitária que habita a democracia porque é humana: quando tenho o poder, quero na verdade calar todo mundo. É uma farsa.
Por que os católicos, sendo maioria, não têm tanto poder de mobilização ou não conseguem ser tão ouvidos?
Toda maioria, católica ou não, tende a ser desorganizada e ignorante, tende à inércia de quem confunde número com qualidade. No caso católico, além disso, a Igreja é, no imaginário da multidão (e, como toda multidão, infantil), a "malvada da história". Grande parte dos católicos tem vergonha de sê-lo; os padres são, em sua maioria, mal formados e alvo de dúvidas e escândalos; os católicos viraram um gigante bobo e sem coragem de enfrentar uma sociedade fincada no ódio ao que a Igreja supostamente representa: um mundo a ser superado. (MAC)
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