Mariano Machado Brasileiro cuida sozinho do sítio onde mora, em Ponta Grossa: saúde de ferro e remédios naturais para prevenir e tratar doenças| Foto: Henry Milleo/ Gazeta do Povo

Brasileiro tem saúde menino, aos 71 anos

Quando perguntado se algum dia já ficou doente, o agricultor Brasileiro Mariano Ma­­chado, de 71 anos, coça a têmpora com o dedo calejado pela lida na roça e puxa pela memória para responder. "Doente assim de doença eu nunca fiquei, mas já tive que operar o joelho", diz levantando a calça e mostrando a cicatriz de um palmo de comprimento. "Só dói quando vai mudar o tempo. É bom porque daí eu sei quando vai chover."

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Rotina saudável faz a diferença

Para encurtar distâncias no campo, nada de carros. Os idosos andam principalmente a pé, de bicicleta ou a cavalo, cortando caminho pela lavoura. Com isso, exercem atividades físicas que não são comuns aos velhos que vivem nas cidades. Como se come basicamente o que se planta no terreno, a alimentação é livre de agrotóxicos. Os produtos industrializados e com conservantes passam longe da mesa do morador do campo.

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Ponta Grossa - Despertar com o canto do galo, comer os produtos frescos da horta e fazer longas horas de caminhada pela lavoura são atividades rotineiras no meio rural. O estilo de vida natural, longe das buzinas dos carros, do ar poluído dos grandes centros e do estresse da cidade grande, é apontado como uma das causas do envelhecimento saudável no campo.

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O Instituto Brasileiro de Geo­grafia e Estatística (IBGE) mediu a incapacidade funcional dos idosos das capitais brasileiras em 2003 por meio da Pesquisa Nacio­nal por Amostra de Do­­micílios (Pnad). Os idosos reportaram o grau de dificuldade para caminhar, sem a ajuda de ninguém, por 100 metros, o equivalente a um quarteirão. Quanto mais dificuldade, maior era o grau de incapacidade funcional.

As pessoas com mais de 60 anos que viviam nas capitais das regiões Norte e Centro-Oeste do país apresentaram uma melhor condição de capacidade funcional. Os idosos de Cuiabá (MT), Porto Velho (RO), Campo Grande (MS) e Palmas (TO) estavam entre os primeiros da lista das capitais brasileiras. A socióloga e pesquisadora do IBGE, Maria Isabel Parahyba, diz que essas capitais estão em regiões menos urbanizadas e são fortemente ligadas à agricultura.

Maria Isabel, que é autora do capítulo "Saúde do Idoso" no estudo "Indicadores Demográficos e de Saúde", divulgado mês passado, comenta que os dados mostram uma tendência de melhores condições de saúde do idoso que vive no campo. "Esse indicador nos traz a seguinte informação: se o idoso é capaz de caminhar sozinho 100 metros é porque ele tem mais saúde e condições de se virar sozinho, enfim, ter mais qualidade de vida", comenta. A socióloga lembra que ainda é preciso pesquisar o tema mais a fundo para chegar a dados mais fiéis à realidade do brasileiro do meio rural.

Esquecidos

O Brasil tem 21 milhões de pessoas com mais de 60 anos e 16%, ou seja, 3,4 milhões vivem no meio rural. No Paraná, dos 1,1 milhão de idosos, 180 mil estão no campo. Uma população um tanto quanto esquecida, porque a maioria dos programas voltados à terceira idade é feita nas cidades.

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Parte dos idosos que vive na zona rural no Paraná é atendida por uma secretaria especial da terceira idade na Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Paraná (Fetaep). O secretário-geral da Federação, Aristeu Elias Ribeiro, lembra que são promovidos passeios e é dada assistência jurídica aos idosos que tentam se aposentar. Ribeiro não sabe o total de atendimentos, mas diz que a atuação é bem abrangente porque a Fetaep tem dez núcleos no estado.