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Após a prisão preventiva do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e do pastor Gilmar Santos, nesta quarta-feira (22), parlamentares da bancada evangélica e alguns pastores, como Silas Malafaia, se pronunciaram sobre o caso. O pastor Arilton Gomes também está sendo investigado, mas sua prisão não foi confirmada até o momento.
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A prisão fez parte da operação "Acesso Pago" da Polícia Federal, destinada a investigar a prática de tráfico de influência e corrupção para a liberação de recursos públicos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), vinculado ao Ministério da Educação. As denúncias contra o ex-ministro da Educação, que permaneceu no cargo por 20 meses, vieram à tona no dia 18 de março deste ano. Segundo as investigações, dois pastores teriam atuado informalmente no gabinete do ministro para facilitar o acesso, por parte de prefeitos, a recursos financeiros da pasta. Em um áudio, Ribeiro sugere favorecimento a amigos de um pastor na distribuição de recursos.
O deputado federal e pastor Marco Feliciano (PL-SP) lamentou em suas redes sociais a prisão do pastor Gilmar Santos. "Hoje é um dia muito triste para a Igreja Evangélica de vertente Pentecostal. A prisão do Pr. Gilmar Santos, pelo qual, como Pregador da Palavra, sempre tive respeito e admiração, nos causa um profundo constrangimento. Nos resta apenas aguardar os desdobramentos.", escreveu.
O pastor Henrique Vieira, pré-candidato a deputado federal pelo Rio de Janeiro, criticou o envolvimento dos pastores no escândalo do Ministério da Educação. "Educação e fé, duas virtudes que libertam. Porém, no governo Bolsonaro ambas foram usadas para corromper. É uma vergonha termos um ex-ministro da educação preso, acusado de favorecer pastores, amigos do presidente, em esquemas no MEC", comentou em uma rede social.
Na tribuna da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (22), o presidente da Frente Parlamentar Evangélica, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) reforçou que, desde o início do caso, a frente defendeu o afastamento do ex-ministro, a investigação e a devida punição ao rigor da lei, caso as acusações fossem confirmadas. "Estamos aguardando. O processo ainda está sendo instaurado e é parte do processo essa prisão", disse.
O parlamentar ainda fez um questionamento: "se houve corrupção passiva por parte do ministro, onde está a corrupção ativa? Por que não houve prisões aos prefeitos, que supostamente foram os corruptores?".
"Queremos a investigação, a punição de tudo e de todos. Esse é o nosso desejo e esse governo não joga nenhum erro para debaixo do tapete", reforçou.
Igreja Presbiteriana negou Ribeiro em seus quadros
Na biografia do ex-ministro Milton Ribeiro consta que ele é pastor presbiteriano, teólogo e professor. Ribeiro foi ordenado em 21 de janeiro de 1982 pelo Presbitério de Santos (PRST). Atualmente, ele é pastor da Igreja Presbiteriana Jardim de Oração em Santos.
Assim que as denúncias vieram à tona, a Igreja Presbiteriana Independente do Brasil (IPIB) fez uma declaração pública sobre o caso. Na época, a IPIB mencionou que o então ministro da Educação não pertencia aos seus quadros, mas, sim, a outra denominação. “A IPIB não detém qualquer laço eclesiástico com o atual titular do MEC, e nem com os outros pastores citados na denúncia”, destaca a igreja.
Na nota, a igreja lamentou o envolvimento de lideranças religiosas envolvidas em escândalos na gestão pública e também defendeu a apuração rápida e rigorosas de todos os atos lícitos denunciados.
O Conselho Nacional de Pastores no Brasil (CNPB) e a Associação Nacional de Juristas Evangélicos (Anajura) foram procurados pela Gazeta do Povo para se pronunciarem sobre o caso. Até o momento, não houve retorno.
Silas Malafaia defendeu "investigação profunda"
O líder da Assembleia de Deus em Cristo, o pastor Silas Malafaia, defendeu uma "investigação profunda" do ex-ministro e os dois pastores assim que surgiram as denúncias em março. Ele declarou ser a favor de quebra de sigilo fiscal e telefônico dos envolvidos em irregularidades e defendeu o afastamento do Milton Ribeiro.
“Vai fazer um favor aos pastores evangélicos no Brasil. Somos mais de 200.000 pastores no país e não vamos tomar lama por causa de dois camaradas”, disse na ocasião.
Em um vídeo publicado nesta quarta-feira (22), Malafaia reforçou que o escândalo foi denunciado à Controladoria-Geral da União (CGU) pelo próprio ex-ministro, que suspeitava do envolvimento de pastores em corrupção. "Foi ele, o Milton", reforçou.
"Se eles foram presos por suspeita de corrupção. Onde estão os prefeitos? Não tem prefeito suspeito? A PF não pediu a prisão de prefeitos? Como é isso? Estranho, né?", questionou Malafaia.
Pastores acusados
O pastor Gilmar Santos, acusado de cobrar propinas para a liberdade de verbas do MEC para prefeitos, também é alvo de uma acusação formal do Ministério Público de Goiás (MP-GO) por manter uma empresa de fachada. Após as acusações, o pastou chegou a publicar um vídeo nas redes sociais afirmando ter aversão à mentira. “Sempre preguei a santidade de Deus, a justiça de Deus, minha aversão ao erro, ao pecado e à mentira. Eu criei os meus filhos. Eu e a minha esposa dizendo, mentir nem por brincadeira”, diz o pastor em um trecho, com uma bíblia na mão.
Já o pastor Arilton Moura é acusado de ter feito o pedido de propina a prefeitos para que os recursos do MEC fossem liberados para a construção de escolas. Segundo reportagem divulgada no jornal O Globo, Arilton pediu ao prefeito de Bonfinópolis (GO) a quantia de R$ 15 mil, além da doação de bíblias para a igreja do pastor.
A prisão de Arilton não havia sido confirmada até o fechamento desta matéria.