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Equipes do Ibope Inteligência foram impedidas de coletar dados para uma pesquisa sobre a evolução do novo coronavírus. Eles deveriam visitar quase 100 mil casas em 133 cidades para aplicar testes sanguíneos capazes de identificar, rapidamente, se uma pessoa está infectada pela doença e também fazer perguntas ao moradores relacionadas à pandemia.
Nos últimos dias, porém, não conseguiram autorização de prefeitos e secretários municipais para coletar o material em algumas cidades e ainda foram destratados por cidadãos receosos da abordagem. Houve até casos de profissionais do instituto que foram detidos por guardas municipais em São José dos Campos (SP).
Os dados coletados pelo Ibope Inteligência serão analisados por cientistas do Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), do Rio Grande do Sul. A pesquisa da UFPel é financiada pelo Ministério da Saúde. Segundo o Ibope, os entrevistadores foram treinados por profissionais de saúde para coletar o sangue e os dados necessários para a pesquisa.
As dificuldades no trabalho de campo se repetiram em cerca de 40 cidades. Segundo a administração da UFPel, a equipes do Ibope estão de braços cruzados, esperando a liberação dos gestores municipais. E isso, por consequência, atrasa o trabalho dos cientistas da universidade.
O Ministério da Saúde confirmou ter enviado ofício às secretarias estaduais de Saúde e aos conselhos Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), informando-os sobre a pesquisa. A pasta afirmou que forneceu 150 mil testes rápidos para a coleta de amostras da população, que serão colhidas em três etapas: 14 a 19 de maio; 28 e 29 de maio e 11 e 12 de junho. A expectativa é que 33.250 testes sejam realizados.
Em nota, a UFPel lamentou a falta de apoio dos órgãos municipais aos entrevistadores treinados para ajudar no estudo que, segundo a UFPel, “pode salvar milhares de vidas” em meio a uma pandemia sem precedentes. O estudo é chamado de Epicovid19. Confira a nota oficial da UFPel, aqui.
O Ibope destacou que os entrevistadores carregam identificação funcional, são obrigados a usar todos os equipamentos de proteção (máscara, luva, touca, aventais e sapatilhas descartáveis e óculos de proteção) e a sempre portar frascos de álcool em gel e caixas de descarte para o material já usado.