Equipes da Defesa Civil do Rio de Janeiro e do Corpo de Bombeiros resgataram por volta das 15h deste sábado (30) mais um corpo dos escombros onde um prédio desabou nesta manhã na Cidade Nova, no Centro da cidade.

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A vítima é uma mulher, Antônia Sátiro Soares, que morava no 2º andar do edifício e pagava R$ 250 de aluguel. O filho e o marido de Antônia, que também estavam em casa no momento do acidente, sobreviveram, segundo informou a cunhada de Antônia, Rita Barros Soares.

"A Antônia é doméstica. Ela tava em casa com o filho de 9 anos e o marido. O filho foi resgatado sem ferimentos. E o marido foi para o Souza Aguiar e já está quase tendo alta", contou Rita pouco antes de saber da morte da cunhada.

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Ainda segundo a cunhada, os três moravam no prédio havia 3 anos e sempre se queixavam que, quando chovia, o imóvel ficava alagado.

Buscas

O coronel Pedro Machado, subcomandante da Defesa Civil do Rio de Janeiro, informou na tarde deste sábado (30) que as buscas por outros possíveis sobreviventes vão continuar. O trabalho conta com a ajuda de um cão farejador, que tenta localizar outras vítimas. Segundo ele, as equipes devem permanecer por pelo menos mais três horas e meia no local. A Rioluz já foi acionada para garantir que haja iluminação durante os trabalhos.

Dos quinze feridos, três foram atendidos no local e liberados em seguida. Doze vítimas foram encaminhadas para o Hospital Souza Aguiar, no Centro, e segundo a Secretaria municipal de Saúde, três morreram - duas meninas, uma de 6 e outra de 8 anos, e uma senhora de cerca de 50 anos.

Segundo Machado, o Instituto Médico Legal tenta identificar os outros três mortos na tragédia.

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Três mulheres e três homens foram atendidos no hospital e já foram liberados. Uma vítima ainda aguarda avaliação da neurocirurgia, mas seu quadro é éstável. Um menino de oito anos segue em observação e uma criança de três já recebeu alta.

Segundo Machado, o prédio que desabou era muito antigo, provavelmente com a estrutura debilitada. Ele explicou que diversos imóveis no local foram abandonados e invadidos por moradores, e estariam irregulares. O coronel disse ainda que moradores às vezes fazem obras sem orientação técnica nos imóveis, os tornando mais vulneráveis.

Nenhuma hipótese foi descartada até o momento para o desabamento, e os bombeiros vão investigar se houve vazamento de gás.

Preso nos escombros

"Vi a morte e a dor." Com essas palavras o lanterneiro Ismail Ferreira Leite, de 55 anos, resume os 30 minutos que ficou preso nos escombros do prédio.

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Ele conta que estava levantando, por volta das 7h, quando o prédio ruiu. Ele foi resgatado pelos bombeiros e levado a um hospital. Após fazer uma radiografia, foi liberado e passa bem.

Ismail já retornou para a Cidade Nova, e diz que agora vai ajudar no resgate de outras vítimas que possam estar ainda presas nos escombros.

Bruno dos Santos, morador da Cidade Nova, foi um dos primeiros a chegar no prédio que desabou. Ele chegou antes mesmo dos bombeiros. "Estava dormindo, acordei com um barulho enorme. Achei que era tiro. Mas quando olhei só vi muita fumaça," lembra.

Ele conta que resgatou duas crianças dos escombros. "Vi as mulheres desesperadas e uma delas desmaiou. Levamos para a ambulância e depois fomos resgatar os filhos dela." Bruno resgatou uma menina, que segundo ele, morreu. Resgatou também outra criança, um menino de 7 ou 8 anos, que ainda segundo ele, sobreviveu.

Prédios antigos

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Marcelo Soares, 40 anos, que trabalha na rua em que ocorreu o desabamento, chegou ao local minutos após a tragédia. "Cheguei por volta de 7h45 e não vi mais o prédio, estava tudo arriado. Pelo que ouvi de relatos, foi tudo muito rápido, fez um barulho e caiu tudo. Eu não acreditei. Fiquei abalado", diz.

Apesar de estar há 15 anos trabalhando na rua, Soares conhecia apenas de vista as famílias e crianças que moravam no prédio. "Não tinha aquela intimidade, mas a gente sente pelas famílias de pessoas que perderam a vida. O pessoal está aqui desesperado, e os bombeiros ainda trabalham na retirada dos escombros", conta o funcionário.

Segundo Soares, o prédio que desabou, assim como outros da rua, era muito antigo. "Era feito de tijolos antigos, aqueles deitados, e era uma construção bem úmida por dentro."

Hélio Augusto dos Santos, proprietário de outra loja de autopeças na Rua Laura de Araújo, descreve o momento exato do desabamento do imóvel."Estava chegando para trabalhar e, de repente, por volta das 7h, ouvi um barulho, subiu muita poeira e começou o desespero".

No local, segundo Santos, moravam mais de dez famílias. "Em cima da oficina havia um cortiço, com muitas famílias, muitas crianças, muita gente humilde. Eram dois andares de moradias, fora os ‘puxadinhos’, ampliações irregulares", conta.

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A região, ainda de acordo com Santos, fica próxima a um mangue, e os frequentes alagamentos teriam contribuído para deteriorar as estruturas do imóvel, já antigas. "Esses prédios já haviam sido desapropriados e deveriam ter sido demolidos, mas o descaso das autoridades levou a esse acidente. É muito triste", diz.

Parede arriada

Um funcionário de uma loja de autopeças na rua em que ocorreu o desabamento, Guaraci Barbosa Silva, 53 anos, passou pelo prédio que desmoronou cerca de dez minutos antes do acidente.

"Passei por lá e a parede da oficina já estava arriada. O dono da oficina, que abriu cedo, estava preocupado, tentando avisar aos moradores do andar de cima que havia o risco de desabamento, e foi o que aconteceu. Só deu tempo de ele sair correndo", contou ao G1.

Segundo Silva, o desabamento ocorreu pouco antes das 7h. "Depois do que aconteceu, o dono da oficina veio até a nossa loja, tomou um banho e saiu. Não conseguimos conversar porque ele estava muito abalado". O funcionário trabalha há cerca de cinco anos na Rua Laura de Araújo, onde fica o prédio, mas conta que não conhecia os moradores do prédio. "Só cumprimentávamos os moradores de passagem, mas sabemos que na parte de cima do prédio tinha muita família, muita criança".

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Após o desabamento, de acordo com Silva, o movimento na rua é grande e os moradores comentam um possível risco de desabamento em outros imóveis. "As construções aqui são muito antigas, e as pessoas estão dizendo que muitas casas estão condenadas. Na nossa estrutura, está tudo bem", afirma.