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Integração

Era digital ainda é sonho na região de Curitiba

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Você compra praticamente qualquer produto ou serviço sem sair de casa, mas na hora de pedir uma certidão simples na prefeitura enfrenta um processo do tempo da pedra lascada. Enquanto a era digital chegou com força aos hábitos de consumo, na esfera pública a iniciativa ainda engatinha. É o que mostra uma pesquisa do Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (CETIC.br), divulgada durante a semana. O levantamento indica que 44% das prefeituras brasileiras pesquisadas não disponibilizam qualquer serviço ao cidadão pela internet -- número que sobre para 82%, quando se fala em tecnologias específicas para celular. As Cidades Digitais – aquelas que diminuem as distâncias entre governo, instituições e cidadãos, por meio da tecnologia – ainda representam um desafio.

Dos 29 municípios que compõem a Região Metropolitana de Curitiba (RMC), apenas oito possuem algum tipo de iniciativa digital, ainda que incipiente, para melhorar a gestão e o atendimento aos cidadãos. Apesar disso, o desafio de unir os gestores em torno da causa pode trazer ganhos na integração também entre os municípios. Um encontro da Rede Regional de Cidades Digitais debateu o tema, na última quinta-feira, na capital. Confirmaram presença 17 prefeituras da RMC, mas apenas 15 representantes – a maioria, técnicos sem poder de decisão – compareceram.

O diretor da Rede Cidade Digital (RCD), José Marinho, explica que a iniciativa digital é embrionária – com ações como disponibilização de Wi-Fi em praças, ferramentas de atendimento via web ou ligação entre prédios públicos por cabeamento óptico. "Ainda há municípios sem essa comunicação na região metropolitana. Muitas regiões têm dificuldade de conectividade, o que é um fator preocupante, inclusive, de êxodo rural. A ideia da rede é que os municípios compartilhem informações, para implantação de políticas locais."

Problemas

Para Denis Alcides Re­­­zende, professor da PUCPR e pós-doutor em Cidade Digital Estratégica, os problemas na área começam já nas discussões, que se iniciam "de trás para frente". "É um conceito reducionista esse. É preciso começar pelo planejamento estratégico, a tecnologia é o último projeto. Primeiro tenho que definir qual serviço quero oferecer, para depois comprar o equipamento mais adequado", ressalta.

Segundo ele, em países como Estados Unidos, é possível matricular filhos na escola ou marcar consulta médica pela internet. "Não adianta comprar computadores se não gerar esses serviços. É preciso fazer um planejamento para 10 ou 20 anos, dividido por áreas – educação, saúde, transporte –, definir estratégias, informações e serviços. Cidade digital é estratégica e não tecnológica."

Curitiba no topo expõe dificuldades na área, diz secretário

O secretário de Informação e Tecnologia de Curitiba, Paulo Roberto Miranda, concorda que o conceito de Cidade Inteligente não se resume à tecnologia. "Ela é ferramenta. Uma Cidade Digital depende de comunicação, integração de informação, para facilitar os processos e até a tomada de decisões." Para ele, o fato de Curitiba ter sido considerada a primeira do país no Índice Brasil de Cidades Digitais – elaborado em 2012 pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD) em parceria com a Momento Editorial – não é motivo de comemoração. "Temos um longo caminho até Curitiba se equiparar às referências mundiais. Sermos líderes é sinal de que o Brasil como um todo tem sérias dificuldades na área", defende. O professor Denis Alcides Rezende analisa que o ranking que põe Curitiba no topo do Brasil é puramente tecnológico e não discute o número de serviços disponíveis. Para ele, a infraestrutura no Brasil é jovem e precária e levará 50 anos para chegar a padrões aceitáveis.

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