Um buraco com seis metros de profundidade destruiu a lateral de uma das pistas da Estrada da Ribeira (BR-476), no sentido Colombo-Curitiba, e está pondo em risco a segurança dos veículos que transitam no local, próximo ao Trevo do Atuba. A rodovia é via de acesso à região do Alto Maracanã, em Colombo, e recebe tráfego pesado, principalmente de caminhões com madeira.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a cratera surgiu há cerca de cinco meses e vem aumentando de tamanho gradativamente por causa da erosão e da chuva. O buraco afetou a rede de água e arrebentou cabos de telefonia que passavam à margem da rodovia. Seis manilhas preenchidas com concreto foram posicionadas ao redor da depressão para evitar acidentes, mas 150 dias depois o problema persiste.
O Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit), responsável pela manutenção da estrada, informou que já tem tudo pronto para a realização de obras no local e garantiu que o problema será solucionado em 15 dias. Ainda assim, a demora gera reclamação de motoristas e moradores do local.
"Isso aí está um perigo. Todo dia passa carreta de 40 toneladas aqui e quando elas param no sinaleiro dá um medo danado", diz Edilson Tortato, de 40 anos, funcionário de uma fábrica de papel. O buraco surgiu a poucos metros de um semáforo, que também corre sério risco de ser engolido pela terra.
A origem do buraco gera controvérsia. Segundo moradores, começou depois da instalação de um equipamento fotossensor para flagrar os veículos que furam o sinal vermelho ou param em cima da faixa de pedestres. O aparelho, junto com outras seis unidades, foi colocado pelo Dnit em dezembro passado, em vários pontos do bolsão do Atuba, nas BRs 116 e 476.
A base de concreto feita para receber o equipamento teria sobrecarregado o terreno, que não agüentou o peso e desmoronou. "Eles (Dnit) fizeram serviço mal feito. Colocaram o concreto em cima de terra solta", diz Luis Batirola, de 57 anos, que mora há 20 anos no local. O fotossensor foi retirado no dia seguinte, mas o bloco ainda está lá para quem quiser ver. "Eles não vieram arrumar, vieram estragar de uma vez", ironiza Tortato.
Já o engenheiro Ronaldo Jares, supervisor do Dnit na região metropolitana de Curitiba, afirma que a erosão ocorreu por causa do rompimento de uma tubulação de água da Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná) que corre paralelo ao acostamento da BR. "A água vazou e depois a chuva agravou o problema. Mandei um primeiro ofício para eles e depois mais três. Só na semana passada eles vieram mexer", diz.
Em um ofício da Sanepar, datado de 23 de maio e endereçado ao próprio Jares no Dnit, o gerente da Unidade Regional da RMC Norte, Antonio José de Pauli Cordeiro, deixa claro que o vazamento ocorreu somente depois que o terreno cedeu. O documento cita, inclusive, um relatório fotográfico feito por técnicos da Sanepar que comprovaria a versão e que foi encaminhado ao Dnit.
Segundo moradores, no mesmo dia em que a terra veio abaixo faltou água, mas funcionários passaram o dia consertando e o abastecimento voltou ao normal à noite. Segundo a assessoria de imprensa da Sanepar, foi feita a ligação com outra rede para manter o fornecimento.
De acordo com Jares, o conserto do buraco demorou porque dependia de intervenções da Sanepar e da Brasil Telecom, que retirou 2 mil metros de cabos de fibra óptica na última terça-feira. Segundo o supervisor do Dnit, a obra consistirá na colocação de uma base com pedras e o levantamento do aterro. A empreiteira que executará o serviço é a Construtora J. Malucelli. "Em 15 dias deve ficar pronto", garante Jares. Já o fotossensor só deve ser instalado novamente depois que a duplicação da estrada ficar pronta.