Médicos negam responsabilidade
O cirurgião pediátrico Augusto Garofani nega qualquer responsabilidade na morte de João Victor. Ele afirma que apenas tratou os sintomas de um problema causado anteriormente. "A causa morte da criança não é pelo meu procedimento", destaca. Ele reforçou que espera uma apuração rigorosa do caso, para entender o que aconteceu.
O anestesista Nilton Pedroso de Almeida também não sabe explicar o que causou as complicações que resultaram na morte do menino. Ele assegura que, durante a operação, tudo transcorreu normalmente e discorda do atestado de óbito, que aponta problemas anestésicos. Acrescenta que prestou todo o atendimento possível posteriormente, inclusive solicitando auxílio e opinião de outros médicos. "É triste fazer um procedimento desse em uma criança e ter uma complicação", lamenta, afirmando que nunca perdeu um paciente saudável em 22 anos de experiência.
Contra os dois médicos não há nenhum processo no Conselho Regional de Medicina (CRM) do Paraná. Das 477 sindicâncias instauradas no ano passado, cinco eram de problemas envolvendo a especialidade de otorrinolaringologia. Mas em Ponta Grossa aconteceu outro caso de morte de criança depois de cirurgia de amídala e adenóide. Foi em 1999 e até agora o CRM-PR não concluiu a investigação do caso. A autópsia de Murilo Specalsiki, 3 anos, comprovou que ele sangrou até a morte. "Luto porque vi meu filho morrer de hemorragia dentro de um hospital", relata Evaldo Specalsiki. O cirurgião e o anestesista chegaram a ser condenados por homicídio culposo e também responsabilizados civilmente, mas os processos ainda tramitam no Tribunal de Justiça, em grau de recurso.
Ponta Grossa Está marcada para a tarde de hoje a exumação do corpo de João Victor Baratella Matos, 4 anos, que morreu depois de uma cirurgia, no início do mês, em Ponta Grossa, nos Campos Gerais. O pedido foi feito pela família e autorizado pela Justiça para averiguar a hipótese de erro médico. O atestado de óbito indica que o menino morreu por conta de ruptura no estômago, presença de ar no peritônio e na cavidade pleural e complicações anestésicas. Os pais estão inconformados com o desfecho trágico do que era para ser uma corriqueira cirurgia nas amídalas e na adenóide.
João Victor foi internado às 6h30 do dia 3 de maio e a operação deveria durar entre 15 e 30 minutos. Quando retornou ao quarto, por volta de 8 horas, os pais notaram que o abdome do menino estava inchado. Foi feita a pulsão, mas o quadro continuou se agravando até que foi internado na unidade de terapia intensiva (UTI), com sangramento pela boca e pelo nariz.A advogada Liciane Baratella Matos e o engenheiro civil Rozenildo Cidade Matos, pais do garoto, afirmam que nenhum médico prestou qualquer esclarecimento sobre o que estava acontecendo. Eles insistiram em vão para que João Victor fosse operado para encontrar a causa das complicações.
Só depois das 22 horas e após a intervenção de dois médicos, é que o cirurgião pediátrico do hospital aceitou fazer a operação exploratória. A essa altura, o menino já havia recebido várias transfusões de sangue e a hemorragia constante provocou paradas cardiorrespiratórias. A cirurgia comprovou a perfuração no estômago, mas não conseguiu salvar o menino, que morreu uma hora depois. O inquérito aberto indica a possibilidade de imperícia durante a entubação e de negligência pela demora na realização da cirurgia corretiva. O delegado Danilo Cesto, que conduz a investigação, pediu os prontuários para o hospital e vai aguardar o resultado da necropsia para convocar os envolvidos a prestar depoimento.
Os pais decidiram acatar a sugestão médica e permitir a operação porque o menino tinha crises de amidalite todos os meses, sempre com febre alta. Outro fator que contou para a aprovação foram as bem-sucedidas seis cirurgias de amídala e adenóide que o mesmo médico fez em familiares, inclusive em Liciane. Segundo o advogado Fernando Madureira, apesar de questionar a participação do otorrinolaringologista no caso, a responsabilidade pelas conseqüências estariam mais ligadas ao anestesista e ao cirurgião pediátrico.
"Não estamos acusando ninguém. Queremos ir em busca da verdade. O que nos causa estranheza é que uma criança faça uma cirurgia tão simples e acabe morrendo", lamenta a mãe. Os pais disseram que não aceitam a justificativa de fatalidade e nem qualquer acordo financeiro. Para eles, somente a tomada de consciência, pelos médicos, da importância da medicina na vida das pessoas pode ser um resultado positivo do processo instaurado. O casal tem mais um filho, um menino de 3 anos, que nasceu de uma gestação prematura e quase morreu porque a cidade não tinha vaga de UTI neonatal.
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