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O alto índice de reprovação no concurso para juiz trabalhista é um reflexo do ensino deficitário, tanto médio quanto universitário. Esta é visão da juíza Ana Carolina Zaina, da comissão de elaboração e correção de provas da segunda fase. Passaram pela avaliação da juíza 200 exames dissertativos em que os candidatos deveriam defender seus pontos de vista, seguindo os conhecimentos específicos do Direito Trabalhista. Somente 5,5% dos que chegaram a essa fase conseguiram ir adiante.

De acordo com a juíza, não faltaram aos reprovados noções sobre a área de atuação, mas sim o trato com a Língua Portuguesa básica. "Encontramos erros inadmissíveis para uma pessoa que concluiu o terceiro grau", afirma. Segundo Ana Carolina, a falta de conhecimento sobre concordância, acentuação e de regras em geral surpreendeu a comissão de correção da prova dissertativa.

Argumentação

Chamou a atenção também a dificuldade encontrada na defesa de argumentações. De acordo com a juíza, os candidatos se saíram muito bem ao tratar do conhecimento específico, mas esbarraram no fraco desenvolvimento de suas idéias. "Falta leitura. Sem isso fica difícil entender um texto ou defender um ponto de vista com desenvoltura", afirma.

Para quem fez a prova, o uso correto do Português ou a coesão das idéias não foram os responsáveis pelas reprovações, mas sim a rigidez dos exames. "As provas estavam difíceis e longas. Ouvi muita gente reclamar também da falta de tempo para responder às questões", diz Ronaldo Piazzalunga, um dos três aprovados no concurso. Ana Carolina contra argumenta afirmando que as quatro provas mesclaram questões com graus de dificuldade ameno, médio e alto.

Para quem pretende se inscrever para o próximo concurso, a juíza Ana Carolina aconselha, além de disciplina, dedicação e determinação, muita leitura. "A pessoa mais culta, com o maior conhecimento geral já sai na frente". (EB)

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