A direção do Colégio Estadual Vila Ajambi, em Almirante Tamandaré, na região metropolitana de Curitiba (RMC), decidiu suspender as aulas até que a Secretaria de Estado da Educação tome providências em relação à segurança no estabelecimento. Na tarde de domingo, o colégio foi arrombado, depredado e roubado pela quarta vez neste ano. Pais de alunos participaram, ontem, de um mutirão de limpeza no local e apoiaram a decisão de suspender as aulas.

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Segundo vizinhos, um grupo de jovens invadiu a escola por volta das 16 horas de domingo e ficou no local até o início da noite. O diretor do colégio, Nelson Nascimento, acredita que eles pularam o muro e entraram pela janela do banheiro feminino. Foram roubados alimentos, um aparelho de DVD, um videocassete e um computador, onde estava a documentação e o histórico escolar dos 1.070 alunos do estabelecimento.

O que mais revoltou a comunidade foi o vandalismo: os invasores destruíram portas, fechaduras, grades e janelas. Espalharam alimentos pelo chão, defecaram nas salas de aula, urinaram na comida que seria utilizada na merenda e escreveram mensagens de ameaças nas paredes, com a assinatura de "comando do morro". Nem os extintores escaparam: em uma sala, os móveis estavam cobertos pelo pó químico utilizado no combate ao fogo.

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Desde o início do ano, Nascimento vem colecionando boletins de ocorrência. A escola foi invadida pela primeira vez na noite de 19 de janeiro. Foram furtados 33 equipamentos de cozinha, entre panelas, bules e até um escorredor de macarrão. Em 27 de março foram roubados uma filmadora, uma televisão, um aparelho de som e alimentos. "Na semana passada teve de novo, mas nem registrei a ocorrência", desabafou.

Em 28 de março, Nascimento encaminhou um ofício para o Instituto de Desenvolvimento Educacional do Paraná (Fundepar), solicitando alarmes, novas grades, cadeados e fechaduras, além da contratação de um vigia. O diretor foi informado que a escola não pode ter um vigia, já que a função não faz parte do quadro de funcionários do Estado.

O diretor administrativo do Fundepar, Altevir Rocha de Andrade, disse ontem que há R$ 600 mil previstos no orçamento deste ano para a instalação de alarmes em colégios e que o Vila Ajambi pode ser contemplado. O local, no entanto, não tem espaço suficiente para a construção da casa do permissionário (onde um policial militar moraria para garantir a segurança).

Segundo o diretor técnico do Fundepar, João Valdemar Abraão, o início das obras de recuperação depende de um orçamento que deve ser elaborado pela Secretaria de Estado de Obras Públicas. "Em três meses, gastamos o total de R$ 1,5 milhão destinado às obras emergenciais para este ano", disse. "Temos 2,1 mil escolas para atender e os recursos são insuficientes." Segundo ele, em 2005 foram gastos R$ 2,5 milhões em obras emergenciais.

Prisão

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A Polícia Civil de Almirante Tamandaré prendeu ontem um acusado de participar do arrombamento. Edemilson Borges Camargo, de 19 anos, tem passagens por roubo, furto e lesões corporais. Também foi apreendido um adolescente que teria participado da ação.

Enquanto isso, cerca de 20 pais e mães de alunos ajudaram a limpar o local. "É tanta coisa errada, que temos mais é que arregaçar as mangas", comentou a dona de casa Andréia dos Santos, 34 anos, mãe de dois alunos. Outro que participou foi o comerciante Valtemir Honório dos Santos, 33 anos, que tem um filho de 11 anos na escola. "Encontramos a escola em situação desesperadora", disse ele.

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