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A lista de material escolar da Escola Estadual Guaraituba, em Colombo, na região metropolitana de Curitiba, é um patrocínio de três papelarias da região. Por conta da impressão da relação, elas ganham o espaço publicitário divulgando o nome e endereço da loja logo abaixo dos materiais escolares necessários para o ano letivo.

"É uma troca de favores. Ajudamos as escolas o ano todo, com algumas facilidades e patrocínios, e elas divulgam nosso nome para comunidade", afirma o empresário Sidnei Carneiro, enquanto cita o nome de algumas escolas de Curitiba que também adotam a lista com o anúncio.

De acordo com a diretora do colégio, Terezinha Ferraz Galdino, a lista é impressa pelas papelarias há alguns anos, porque a escola não tem condições de gastar papel e tinta de impressora com a relação dos materiais. "Na realidade não cobramos uma quantidade específica de material. Fizemos a parceria porque o pais insistem em ter uma listagem", informa Terezinha. Há 11 anos à frente da escola, ela diz que nunca teve reclamações dos pais por causa da propaganda. A Gazeta do Povo recebeu cópia da listagem por meio de uma mãe de aluno que não quis se identificar.

Segundo a diretora do colégio, além da parceria pela lista de material, a escola também conta com a ajuda de empresas da região para a confecção de uniformes de alunos carentes, camisetas para bandas e outros projetos, como custeio de transporte para eventos fora da escola. "Quando o assunto é educação, fica mais fácil conseguir ajuda. Aqui na escola nós preferimos fazer parcerias com empresas do que festas ou rifas para arrecadar dinheiro. Nossas comemorações, como a Festa Junina, por exemplo, são só para a comunidade escolar", explica Terezinha.

A presidente da associação de pais e funcionários da escola Guaraituba, Virgínia do Rocio Gonçalves de Melho, que tem três filhos matriculados no colégio, não vê problema na iniciativa. "É uma decisão aprovada pelos pais na última reunião do ano. Várias escolas fazem isso", diz ela.

A prática de contar com parcerias de lojas e a divulgação do nome para compra do material escolar é condenada pela Secretaria de Estado da Educação (Seed). Ana Lucia Albuquerque Schulhan, chefe do departamento de infra-estrutura da Seed, informa que há quatro anos as escolas foram orientadas a não divulgarem propaganda de papelarias ou livrarias na relação de materiais do ano letivo. "Pode dar a impressão de indicação de compra em determinada loja. Os diretores são orientados a não fazer isso para evitar má interpretação e denúncias", diz a chefe da Seed.

Ana Lucia, no entanto, não vê problema das escolas estaduais pedirem material de higiene pessoal e de escritório para os alunos. Na escola de Colombo, por exemplo, a lista sugere a compra de quatro rolos de papel higiênico por criança, além de 300 folhas de papel sulfite, esparadrapo, curativos e absorventes femininos. "É um material que fica com a identificação deles, para ser usados por eles na escola. Não é por falta de dinheiro para compra de material, mas é uma forma de destinarmos recursos para outras necessidades", diz a diretora da escola.

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