O dia começa cedo para o motorista Beto Marconatto. Não são nem 8 horas quando ele começa o percurso pelos Jardins, em São Paulo, para levar Albert, Milo, Bruna e alguns outros de van à escolinha. De lancheiras com comida, água mineral e toalhinha, o grupo está tão feliz que, a algumas esquinas da creche onde passará o resto do dia, começa a latir de tanta alegria. Eles são dois whippet e uma golden retriever, "alunos de uma modalidade de canil que tem atraído cada vez mais os paulistanos que têm cachorro.
Diferentemente do hotéis caninos, em que os bichos ficam hospedados por um período curto quando os donos viajam, nas creches os cães vão todo dia (R$ 580 mensais, de segunda a sexta) com regras tão parecidas e rígidas quanto as das escolas.
Têm horário de entrada e saída, lista de presença, recreação, banho de piscina, atividades físicas, passeios no parque, escovação diária de dentes e pelos, exames periódicos de sangue e de fezes, transporte que vai buscar e deixar em casa e até horário de descanso.
E nem pensar em chamar a van de carrocinha. Tem cachorro que vai de táxi.
Para os tratadores, a comparação com crianças é inevitável. No aniversário dos animais, os donos levam bolo para os cachorros, naturalmente e lembrancinhas. Os que brigam passam o dia de castigo, amarrados. Mordida dá suspensão.
Antes de serem aceitos, os cachorros passam por uma avaliação obrigatória, tanto de comportamento quanto de saúde. No começo, alguns deixam de comer, não querem interação com os demais, outros têm problemas de resistência. "O cachorro que apresenta distúrbios faz tratamento com terapeuta juntamente com o dono. Quando um deles fica doente, os dois fazem acupuntura, diz a tratadora Raquel Hama, dona da creche Dogwalker, no Campo Belo.
"A maioria dos donos são casais solteiros, então eles veem o cão como filho. Já vi casos de divórcio porque o marido discordava da educação que a mulher dava ao cachorro. Temos sempre de alertar que são bichos, diz Patrícia Pedreca, tratadora da creche que chega a ter 65 cachorros por dia.
"Soube que havia creche para cães e quase caí para trás. Vim no dia seguinte. O Billy agora dorme a noite inteira. É que nem criança, volta cansado, diz a dona de casa Telma Hidd, que mantém um golden retriever na creche.
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