A lista de material escolar de 2020 do Instituto Dom Barreto, de Teresina (PI), gerou polêmica nas redes sociais ao pedir itens lúdicos diferentes para meninos e meninas na educação infantil. Para os alunos, a atividade “brincar o faz de conta” pedia kit profissional para “médico, mecânico ou bombeiro”. Já para as alunas, os pedidos do kit profissional eram de “salão ou cozinha”.
A aceitação de parte das famílias das crianças não foi boa ao kit e ele também não repercutiu bem nas mídias sociais. Após o ocorrido, a instituição cancelou o pedido de materiais diferentes e publicou nota de esclarecimento em seu site. A escola disse que fez as listas para garantir a diversidade de materiais nas salas, já que os alunos e as alunas fariam uso deles em conjunto. O colégio ressaltou ainda que “o objetivo não [foi] estimular ou segregar uma profissão em detrimento de outra, tampouco reproduzir uma percepção caduca de atividades específicas e distintas para meninas e meninos”.
O Instituto Dom Barreto existe desde 1944 e é uma entidade civil de natureza filantrópica, sem fins lucrativos e de utilidade pública. Além disso, mantém a “linha filosófica do projeto educacional construído pelas Irmãs Missionárias de Jesus Crucificado”.
Confira a nota na íntegra
“Cientes da importância de esclarecimentos sobre nossa lista de materiais, vimos explicar que a divisão por sexo de alguns itens, exclusivamente da série do Infantário, dá-se apenas a título de garantir a diversidade de itens em cada sala, visto que, como especificado (MATERIAL LÚDICO – BRINCAR DE FAZ DE CONTA), as atividades desenvolvidas com esses materiais solicitados são feitas por todos os alunos ao mesmo tempo (material de uso coletivo) ou dentro do contexto pedagógico de experiências plurais.
O objetivo não é estimular ou segregar uma profissão em detrimento de outra, tampouco reproduzir uma percepção caduca de atividades específicas e distintas para meninas e meninos. Nosso compromisso, sobretudo na Educação Infantil, é com o faz de conta, com a criatividade, com cooperação, com a socialização e a comunicação, com o desenvolvimento da oralidade, da motricidade, ou seja, tudo o que permita a nossas crianças conhecerem-se a si mesmas, aos outros e ao mundo.
Acreditamos que informações desvinculadas de qualquer fundamentação didático-pedagógica podem afastar o real sentido das práticas do ensinar e aprender e reduz o trabalho desenvolvido por profissionais capacitados, e mais que isso, comprometidos com a infância e, sobretudo, com a formação de cidadãos e cidadãs que, historicamente, orgulham nosso Estado e nosso país.
Avaliar uma escola, qualquer escola que seja, por um item da sua lista de materiais escolares é postura temerária, decorrente, muito provavelmente, do desconhecimento do histórico da instituição, que ao longo de sua existência tem primado por uma educação libertadora de quaisquer amarras derivadas de preconceitos e discriminações, e que se orgulha, ainda, de contribuir para a formação educacional de mulheres e de homens conscientes do protagonismo feminino em qualquer profissão que decidam seguir. Felizmente, a Escola tem colhido, nos mais diversos ramos profissionais, os resultados desse atuar.
Assim, a lista de materiais divulgada para essa etapa não tem o propósito de impor, limitar ou distinguir seus usos. Entretanto, como somos conscientemente aprendizes, encontraremos outros modos de dizer nos próximos anos.
Certos da confiança de nossa comunidade, desejamos um 2020 de Paz e Bem a todos.”
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