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Com a obesidade infantil atingindo a marca histórica de 15% das crianças brasileiras, segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, muitas escolas resolveram entrar na luta para deter a epidemia. Mas, no esforço de ensinar os alunos a ter uma alimentação saudável, alguns colégios acabam adotando medidas polêmicas, como proibir e até "confiscar" certos lanches.

No currículo da escola Carlitos, na zona oeste de São Paulo, a educação alimentar é abordada em conjunto com a alfabetização e permeia várias disciplinas, como Ciências e Matemática. Na hora do intervalo, se os pais não investirem em um lanche saudável, as crianças voltam para casa com a lancheira intacta. Guloseimas e refrigerantes são proibidos: quem os leva para a escola não come. "É como se o aluno tivesse esquecido a lancheira. Os colegas dividem seus lanches", explica Laura Pi­­teri, coordenadora pedagógica da escola. A criança volta também com um bilhetinho para lembrar os pais das regras do colégio.

Na Stance Dual, no centro de São Paulo, a política de proibição de alimentos pouco saudáveis é semelhante, mas a resposta à desobediência, menos radical. Doces, balas e refrigerantes são itens proibidos. Quem leva esses alimentos é orientado a comer apenas a parte nutritiva do lanche. Se na lancheira há fruta, iogurte e bolachas re­­cheadas, por exemplo, a criança é estimulada a consumir apenas um biscoito. "Antes devolvíamos esses lanches, mas os pais reclamavam muito", diz Liliane Gomes, coordenadora pedagógica.

Por mais que a escola se esforce, a criança não criará hábitos saudáveis sem a contribuição dos pais, afirma a endocrinologista Angela Spinola e Castro, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). "A escola não pode transferir para si um papel que não é dela. Se a criança vem de uma casa onde as pessoas comem sem restrição, ela não vai aceitar isso", diz. Angela defende a discussão na escola e em casa sobre o que se deve comer, mas é contrária a proibições. "Não temos como proibir. Esses alimentos existem e há um marketing forte. O ‘não’ pode deixá-los ainda mais atrativos", argumenta.

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Como as escolas devem lidar com os lanches pouco saudáveis?

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