
Migração
Ponta Grossa não consegue reter quem tem curso superior
Quem nasceu em Ponta Grossa ou migrou para a cidade e tem um diploma na mão, tende a se mudar. O engenheiro de alimentos Marcelito Granemann Ribeiro é um exemplo. Ele se formou em 2003 em Ponta Grossa e, não vendo chances de emprego na cidade, foi para São Paulo, onde arrumou emprego na multinacional Bunge. Depois de ser transferido para Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, foi deslocado para Ponta Grossa, onde há uma fábrica da empresa. Ficou dois anos e meio na cidade, mas já arruma as malas para retornar à filial catarinense. "Eu fico 44 horas por semana dentro da empresa, então, para mim não muda muita coisa. Quem são mais afetados são a mulher e os filhos", conta.
Segundo o professor de economia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) Emerson Martins Hilgemberg, há falta de centros de pesquisa ligados ao setor industrial na cidade. Embora a cidade seja um polo universitário, que atrai estudantes de fora Ponta Grossa tem duas universidades públicas e cinco particulares há pouca retenção dessas pessoas. "Muitos estudantes acabam voltando para as suas cidades depois de terminar a faculdade."
As pessoas com alta escolaridade nível superior completo ou cursando são as que têm mais capacidade de empreender uma "aventura migratória" no Brasil. Isso é o que aponta um estudo desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base na análise de micro dados dos censos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 1991 a 2010. No Paraná, Curitiba e Maringá, cidades com maior Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) do estado, estão nas microrregiões que mais atraem esse perfil. Na outra ponta da tabela, a região de Ponta Grossa é a que mais registra evasão desses indivíduos.
INFOGRÁFICO: Veja as regioões que mais atraem pessoal qualificado
A capital, por exemplo, viu o "saldo" de migrantes de alta escolaridade triplicar nas últimas três décadas, passando de 4 mil para 12,5 mil. Em Maringá, o saldo também cresceu (1,6 mil para 3,2 mil). Em Ponta Grossa por outro lado, a evasão de pessoas com alta escolaridade supera a chegada dos imigrantes desde a década de 1980, e a situação piorou ao longo do tempo (veja no gráfico).
Segundo a pesquisa do Ipea, a distribuição de cursos de ensino superior tem grande influência para essa migração. Conforme dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o número de cursos Curitiba cresceu seis vezes nessas duas décadas, passando de 106 para 638. Maringá teve crescimento semelhante (28 para 154), enquanto Ponta Grossa teve ritmo menor de crescimento (21 para 77).
Justamente para aprimorar a formação acadêmica, o carioca Fernando Martinez Fellipeto, 28 anos trocou o Rio de Janeiro pela Cidade Canção há dois meses. Mestre em Engenharia Química PUC-Rio, ele apostou na Universidade Estadual de Maringá (UEM) para o doutorado.
"Optei por fazer o doutorado aqui depois de muita análise. Além disso, eu tinha a certeza da necessidade dos profissionais na minha área", comenta. Para Fellipeto, pesou a questão da estrutura da cidade na hora de fazer sua escolha. "Não tenho dúvidas de que encontrarei oportunidade de trabalho quando começar a procurar algo na área", diz.
Dinamismo
Na análise do sociólogo e pesquisador do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) Paulo Roberto Delgado, ter uma rede de serviços educacionais fortes é um atrativo para a região, mas a retenção dos profissionais depende do dinamismo da região.
"Curitiba tem uma concentração muito elevada de serviços. Maringá, por exemplo, exerce um papel na rede urbana um pouco maior que o de Ponta Grossa, que também é prejudicada pela proximidade da capital", avalia. Delgado aponta que entre 2000 e 2010, a região dA qual Maringá faz parte, o Norte Central, gerou 225 mil empregos formais, contra 59 mil da região Centro-Oriental, de Ponta Grossa.

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