Os preparativos finais para o carnaval ganharam dimensão maior neste ano em algumas escolas de samba de São Paulo. Com equipes e jornadas dobradas para consertar os enormes estragos provocados pela chuva, agremiações prejudicadas conseguiram recuperar tempo e trabalho perdidos. Para carnavalescos e diretores entrevistados pela reportagem, as chuvas deste verão foram as piores da história das agremiações.
A escola Pérola Negra investiu na criatividade para driblar os prejuízos de R$ 50 mil. O barracão, embaixo do Viaduto Mofarrej, próximo da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais (Ceagesp), na zona oeste, ficou completamente alagado nos dias 8 de dezembro e 21 de janeiro. Em abril, uma enchente já havia estragado o que seria reaproveitado neste carnaval. Com pouco dinheiro, a escola decidiu secar os tecidos e aproveitar partes que não estragaram para refazer o terceiro carro alegórico. Toda a cobertura, com desenhos de prédios e ruas, foi substituída por pedaços de pano de vários tecidos e cores, e o carro ganhou o nome de Cidade de São Paulo Colcha de Retalhos.
Os estragos também foram significativos em dois dos quatro barracões da Imperador do Ipiranga, localizados às margens do Córrego Tamanduateí, abaixo do Expresso Tiradentes. Por sorte, os carros já prontos estavam armazenados nos outros dois locais. "Era muito barro, parecia campo de guerra", descreve o carnavalesco Anselmo Brito.
Para conseguir manter o projeto inicial, a escola decidiu refazer tudo que foi danificado. Ela será a primeira a desfilar na sexta-feira com o enredo Da Antiguidade à Tecnologia: Medicina, a nobre arte de salvar vidas. Os investimentos anteriores somavam R$ 1,5 milhão, mas Brito não revelou os gastos necessários para refazer carros e esculturas.
Pintura estragada
Única representante da zona leste no Grupo Especial, a Leandro de Itaquera não teve problemas de alagamento, mas sofreu com o excesso de chuvas. Como a maior parte do barracão cedido pela prefeitura há dois anos na Marginal do Tietê, zona norte, é descoberto, os temporais acabaram com a pintura dos carros, que teve de ser completamente refeita.
Na Águia de Ouro, os danos ocorreram na quadra, localizada embaixo do viaduto da Pompeia, na zona oeste. A água chegou a 1,70 metro dentro da quadra e 23 freezers foram danificados. Um trecho de 12 metros comprimento de um muro, refeito após cair no ano passado, desabou novamente.